Nova onda de contaminações assola o país de norte a sul. UTI’s lotadas, enfermarias trabalhando acima do limite e profissionais da área de saúde esgotados. Na terça-feira conversei com uma enfermeira do Hospital Universitário que chorou quando perguntei quão cansada ela estava. Não precisava resposta, o choro dela disse tudo.

O Governador Ratinho Junior prorrogou até o dia 1º de abril as medidas restritivas em todo Estado do Paraná e com isso, mais uma onda assolou Londrina, agora de reclamações contra as medidas restritivas. Fico pensando se precisamos de mais medidas restritivas no Estado e mesmo em Londrina. Cheguei à conclusão que não: nós não precisamos de mais medidas restritivas. Precisamos sim, que a população tome consciência de que o isolamento social evita a circulação do vírus. E isso é comprovado! Não se trata de “acheologia”.

Semanas atrás a cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, decretou medidas muito restritivas, fechando até supermercados. Muitos se revoltaram contra as medidas. O toque de recolher foi seguido à risca, com a polícia na rua prendendo quem não tivesse uma justificativa plausível para estar circulando depois das 20 horas. Radical demais? Sim, mas isso trouxe resultados. Segundo vários órgão de imprensa que pesquisei, houve redução de mais de 42% no número de contágios do vírus. Ou seja, é fato que o distanciamento social diminui a circulação (contrariando os “negacionistas” de plantão).

Mas por que comecei afirmando que não precisamos de mais restrições? Porque precisamos que a população tome consciência de que ficando em casa é que se evita a circulação do vírus, mas falta essa consciência para grande parcela da população. Quer ver como falta essa consciência? Assis Chateaubriand, sábado, dia 13 de março, uma festa de casamento foi encerrada. Presentes estavam mais de 100 pessoas, muitas delas sem máscara. Em Londrina, na zona norte, um clube foi fechado. Nesse clube estavam mais de 50 pessoas, entre elas menores de idade, fazendo festa em plena pandemia. Isso para dar só dois exemplos , mas a essa lista poderia ser bem maior.

Quando é que esse povo vai tomar consciência que as medidas restritivas de nada adiantarão se não fizermos a nossa parte? Quando é que aprenderemos que se a transmissão do vírus continuar nesse ritmo, não haverá nem enfermaria nem UTI nem para mim, nem para meus parentes e amigos e nem para você, que agora lê este texto.

Quando falta consciência nas pessoas, a lei tem que existir e ser cada vez mais dura. Defendo isso! Não se trata de ser a favor ou contra as restrições, mas trata-se de analisar números, ver a realidade com um olhar refinado e agir! A nossa ação hoje deve ser no sentido de evitar aglomerações. Todos precisamos trabalhar, então que o comércio continue aberto seguindo as normas de segurança. Mas o que é absolutamente inadmissível é que existam pessoas que ainda não usem máscara e façam festas de qualquer tipo com aglomeração e que, sob o pretexto do “direito de ir e vir” continue a fechar os olhos para a realidade de mortos e contaminados na nossa cidade.

Essas pessoas não se deram conta de que o vírus está se propagando e que estamos no meio de uma pandemia. Esse desajuizado, que eu simpaticamente chamo de “espírito sem luz”, que vai numa festa clandestina com aglomeração e não usa máscara se contamina e vai para casa, contaminando mãe, pai, irmãos e até avós. Está feito o ciclo!

Não precisamos de restrições! Precisamos de conscientização de todos para o grave momento que vivemos e que paremos, de uma vez por todas, com esse “show de horrores” que são as festas e eventos clandestinos!

Padre Alexandre Alves dos Anjos Filho é presbítero da Arquidiocese de Londrina