Imagem ilustrativa da imagem ESPAÇO ABERTO - Londrina: do café à tecnologia e Inovação
| Foto: iStock/Anderson Coelho

Londrina foi conhecida como a “Capital do Café” devido à sua alta produção do grão, considerada uma das maiores do mundo, até o ano de 1975. Através desse ciclo virtuoso que tivemos até meados da década de 70, a tecnologia estava presente na cidade através de grandes empresas multinacionais como a IBM e Burroughs (atual Unisys) aqui instaladas.

A IBM, por exemplo, tinha o CSD (Centro de Serviços de Dados) um bureau que atendia as grandes empresas e bancos, a UEL usava o mainframe IBM. Nasceu também na época a Exactus, uma grande empresa de Londrina que continua até hoje, desenvolvendo software (há mais de 40 anos) e outras que usavam mainframe como a Cacique e Transparaná.

Desde aquela época existia a necessidade de mão de obra especializada que era suprida por profissionais formados em outras áreas como engenheiros, matemáticos, físicos, administradores, contadores e outros que eram capacitados para programação.

Sendo assim, iniciaram-se cursos de formação de profissionais de TI (Tecnologia da Informação) como, em 1980, o Curso de Administração de Empresas com Ênfase em Análise de Sistemas Administrativos da UEL; o Curso de Tecnologia em Processamento de Dados do Cesulon (atual UniFil). Isto prova que a educação realmente transforma.

Foi a partir da habilitação de profissionais que se formou uma massa crítica no setor de TI, resultando nos dias de hoje em mais de 2.200 empresas de tecnologia em Londrina e região, sendo que, segundo nosso prefeito, a área responde por 10% do PIB de Londrina. Com esse perfil todo de formação de mão de obra, de volume de empresas, de criação de startups, de negócios, enfim de expressividade do setor em Londrina, conseguimos atrair nas últimas décadas multinacionais como a ATOS, com o Centro de Operações e inovações e a TCS (Tata Consultancy Services).

O TI Paraná (Sindicato Patronal de Tecnologia da Informação do Paraná - filiado à Fiep) foi fundado em 1989 para atender as empresas da região de Londrina e Maringá, considerando que a capital Curitiba tem as suas particularidades e nós do interior temos outras. Essa iniciativa foi de um dos sócios da Exactus, Sr. José Dutra, a quem temos um grande respeito e admiração. É importante destacar também o surgimento da Adetec (Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina) - início da década de 90 - , sonho do saudoso João Milanez (fundador da Folha de Londrina).

A Adetec teve um papel fundamental no impulsionamento do desenvolvimento tecnológico, através de várias iniciativas como incentivo às incubadoras de empresas - Incubadora Municipal e Intuel (incubadora da UEL) -, bem como do nosso Parque Tecnológico Francisco Sciarra, que teve o empenho do prof. Ivan Frederico Lupiano Dias, da UEL, e de outros que se esforçaram em reverter a doação de um terreno para ser utilizado pelo parque.

A partir de toda essa movimentação foram criadas várias iniciativas que continuam até os dias de hoje, como o nosso CMCTI (Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação). Dentro da Adetec foi criada a primeira Associação de Empresas de Software de Londrina e região, culminando no movimento do APL de TIC (Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação e Comunicação) no ano de 2005, até finalmente ser estruturada a primeira governança do APL de TIC do Estado do Paraná. O APL também fomentou a fundação da primeira Central de Negócios do Brasil de Empresas de Tecnologia, a Cintec, atualmente chamada de Abratic (Associação Brasileira de Tecnologia, Inovação e Comunicação).

O APL de TIC apoiou iniciativas como a do Laboratório de Teste de Software do Senai e a homologação de ECF (Emissor de Cupom Fiscal) na UniFil, uma grande dificuldade das empresas regionais, que tinham que se deslocar para outras regiões, demandando esforço e tempo para as homologações. Também no Senai, a partir das iniciativas na área de tecnologia e inovação, criou-se o primeiro Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação do Brasil e, posteriormente, outra grande iniciativa que foi o HUB de Inteligência Artificial (IA).

O TI Paraná tem contribuído com o segmento tecnológico em sua área de abrangência, visando o desenvolvimento regional, apoiando diversas iniciativas, principalmente as de formação e de capacitação de mão de obra, um grande gargalo do setor, a “dor do momento” das empresas que precisam de profissionais qualificados, não só as de base tecnológica, bem como todas as demais que usam tecnologia.

Lúcio Kamiji, presidente do TI Paraná

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