Imagem ilustrativa da imagem ESPAÇO ABERTO - Linchamento das instituições do Estado
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Poder-se-ia titular este artigo com uma série de sinônimos do substantivo usado. Porém, pelas razões subsequentes, me pareceu o mais apropriado. As nobres e variadas instituições do Estado brasileiro, as que foram sendo criadas ao longo da nossa curta história, estão sendo alvo dos mais grotescos e violentos ataques, como nunca antes se viu. Nem no período da ditadura!

Que um governo fascista não tenha em conta a Constituição, já o sabíamos! E se eventualmente ela existir, não será com certeza a Carta Magna! Hitler, Mussolini, Salazar, Franco, e os atuais aprendizes quase formados, como Recep Erdogan da Turquia, no poder desde 2014, Viktor Orbán da Hungria no poder desde 2010, Vladimir Putin no Kremlin desde 1999, Bolsonaro entre nós, ou o Trump nos EUA. Nenhum destes senhores tem, ou teve, compromisso com a observação das leis que regem uma nação!

Começam as convenções. O que o eleitor pode fazer?

O atual governo brasileiro abomina a Constituição de 88, aquela que chamamos de “Constituição cidadã”! E pasmem os desavisados! Ela é criticada e abominada, exatamente por ser o que é: uma Constituição de defesa dos mais variados direitos dos cidadãos! A tal da liberdade defendida em praças púbicas em época de feriados cívicos, não passa da busca do aval para caçar a garantia das liberdades! É um discurso mendacioso.

Bem-vindos ao estranho mundo da hipocrisia! As ações são dirigidas contra as instituições da República que formam os pilares do nosso regime democrático e porque não dizer, do Estado de Direito! Deputados eleitos pelo voto popular na urna eletrônica, normalmente modorrentos no agir, vociferam agora contra o sistema que lhes proporcionou as mordomias! Tudo isso à luz do sol, tal a naturalidade desses constantes ataques!

DeepFake e o desafio do que é real

Mas, e os governos anteriores? Em que pesem acusações graves contra eles, devidamente entregues à justiça e esperando o veredito de outubro, nunca verificamos nenhuma demolição orquestrada contra os nossos arcabouços democratas! Repito: nem nos anos 60 e 70 do século passado!

As universidades federais são asfixiadas financeiramente e caluniadas como incubadoras ideológicas, geradoras de gente de mau caráter! Abominam-se os nossos centros do saber, com a mesma precisão cirúrgica com que se atenta contra o STF e seus ministros. Se lá, seriam suficientes um jipe e um cabo, aqui basta negar-lhes os recursos e intervir na eleição interna dos seus quadros!

O Ibama tornou-se um órgão amordaçado e impotente, perante os devaneios cada vez mais atrevidos dos inimigos do meio ambiente! Veja-se o despacho nº 11996516/2022 em que o seu presidente pode fazer com que a União deixe de receber ao menos R$ 3,6 bilhões em multas por infrações ambientais. Existem ali processos tremendamente cuntatórios. Aliás, o único mérito deste senhor, parece ter sido causar a queda do Ministro Salles!

Neste governo, em que os indígenas e a natureza parecem inimigos a abater, até a Funai é comandada por alguém que não entendeu qual o seu papel! Como órgão indigenista oficial do Brasil, é responsável por garantir a proteção dos direitos dos povos indígenas assegurando a pluralidade ética. Contudo, basta uma rápida espiada nas notícias correspondentes para vermos as atrocidades! Libera invasão e exploração de terras indígenas; Funai ignora alertas e mantém indígenas isolados na Amazônia, em risco; justiça determina que Funai faça revisão de limites de terras indígenas! Ainda criticou os assassinados Dom e Bruno por terem viajado “sem autorização”! E o que dizer da Fundação Palmares, cujo diretor, negro, usou a expressão “chora negrada vitimista”!

Mas, neste regime não é só o Planalto que mina as instituições da República! Linchamento que se preze, exige sincronia das ações mortíferas de vários protagonistas! O Congresso quer os seus deputados como embaixadores na mais recente moeda de troca, escarniando da excelente diplomacia brasileira. Por sua vez, o exército insiste em ser sujeito político ativo, interferindo no processo eleitoral, expondo sobremaneira a sua própria instituição! É um desmonte geral do país!

Padre Manuel Joaquim R. dos Santos, Arquidiocese de Londrina

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