No dia 17 de outubro de 2021, sob inspiração e determinação do papa Francisco, a Igreja Católica abriu formalmente o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, que a partir desse domingo decorreu, pela primeira vez, em cada diocese do mundo. O encerramento da fase diocesana será dia 29 de julho. Em Londrina, assim acontecerá com uma missa na Catedral celebrada pelo arcebispo, padres e o povo católico.

Termina, portanto, a fase preparatória, que envolveu todas as dioceses do mundo. Lembrando nossos leitores, um sínodo é uma reunião de bispos para discutir um assunto teológico ou pastoral e o tema deste referido é “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”.

A palavra sínodo tem sua origem no idioma grego - sýnodos - e quer dizer “caminhar juntos”. Já escrevi na FOLHA, no ano passado, que um Sínodo é muito mais do que um evento! É um processo! O Concílio Vaticano II ensina que o povo de Deus “participa no ofício profético de Cristo”. Portanto, é dever da liderança eclesial, ouvir o povo de Deus, e isto significa ir às igrejas locais, ou como costumamos dizer por aqui, ao “chão da fábrica”!

Durante a fase diocesana, cada bispo empreendeu um processo de consulta na sua diocese. Aqui em Londrina não foi diferente: durante esses meses, as bases foram consultadas e foi elaborado um relatório a ser enviado para as instâncias superiores! O processo culminará na reunião de bispos no Vaticano em outubro de 2023. A dimensão de sinodalidade se refere a uma atitude de discernimento que envolve bispos, padres, religiosos e leigos.

O arcebispo dom Geremias estará enviando uma Carta Pastoral aos diocesanos, convidando-os a algo mais arrojado do que Roma pede! A Arquidiocese iniciará o seu próprio momento sinodal! Eu mesmo apresentei essa ideia numa reunião do clero e por maioria assim ficou decidido. O que isso significa? Para os não católicos, nada! Para os que fazem parte da Igreja Católica é, com certeza, um momento fulcral da vida de Igreja nos próximos anos.

Não estamos falando de reuniões, de documentos, de momentos de oração! O que se deseja é provocar um grande processo de escuta, de partilha, de transformações da realidade interna da própria arquidiocese, incluindo a administrativa! Tudo o que o direito canônico possibilita e aponta e principalmente o que os leigos têm por direito próprio! Não é uma tarefa fácil. O clericalismo, já sobejamente denunciado, e a abundância de leigos clericalizados, poderão ser entraves ao desenvolvimento do que se enseja. Contudo, para o que tem fé, com certeza o Espírito dará as respostas.

O tema é pertinente neste espaço, pois há certo ineditismo na proposta. Nunca os Sínodos, que foram redescobertos no Vaticano II há cerca de 70 anos, atingiram tamanha amplitude! Sempre eram restritos aos bispos e geralmente em Roma. Foi assim, com o Sínodo sobre a Amazónia, cujo tema era: “Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”, ocorrido em 2019. Reuniu um colegiado de 114 bispos, 55 auditores leigos que trabalham na região ou com temáticas a serem debatidas, 40 mulheres representantes de comunidades da região e o grupo da secretaria.

Mas o sínodo em questão é bem diferente! É sobre a sinodalidade na Igreja! Exatamente com a intenção de fazer com que o sínodo dos bispos seja um exercício de sinodalidade para toda a Igreja, o papa Francisco, convocou a todos católicos sem exceção, a participar desse processo. Nas palavras dele, “o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio”!

Londrina precisa de um Sínodo? Não tenho a menor dúvida. A Igreja que é tão jovem e pujante não pode deixar passar ao largo a oportunidade de se “educar para a comunhão e participação”! Bispo, padres e leigos, todos batizados, deixem-se banhar pelo fogo do Espírito que tudo renova e que se manifesta nas várias vozes que se devem escutar em todos os cantos da arquidiocese! E mais: o Espírito se manifesta também nos que não participam ou nos que se afastaram pelos mais variados motivos! Vamos ouvi-los! Estou convicto de que o fruto de todo este trabalho, fará com que revejamos uma série de atitudes e estruturas. Assim seja!

Padre Manuel Joaquim R. dos Santos, Arquidiocese Londrina