Diante dos tantos desafios que a pandemia do coronavírus ainda nos impõe, mais uma vez vamos celebrar a Páscoa de uma forma diferente. Nossas missas e celebrações festivas serão adaptadas, com menos gente em nossas igrejas e mais fieis acompanhando pelas transmissões online e redes sociais. Tudo para garantir a segurança e a saúde do povo e, ao mesmo tempo, permitir que sejam vividas a fé e a oração. Afinal, a ressurreição de Cristo é a mais importante festividade cristã, pois, mostra a vitória de Deus sobre a morte. O que, aliás, estamos pedindo em nossas preces: que vençamos a Covid-19.

Mais do que nunca é preciso celebrar a Páscoa. Ou melhor, o real sentido da data. Apesar do isolamento, precisamos estar com nossas famílias e viver intensamente esse momento. Isso significa “dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22, 21). Explico melhor: precisamos dar às autoridades o devido respeito aos decretos e normas sanitárias a fim de que colaboremos para que os efeitos da pandemia passem o mais rápido possível. Concomitantemente, precisamos oferecer a Deus o que é de Deus: nossas orações, nossa fé e nosso coração, celebrando da forma como é possível. Neste ano, com atividades híbridas.

Deus sabe de todas as coisas. Deus sabe o quanto ansiamos pela Eucaristia, pela cura da Covid, pelo abraço fraternal entre irmãos e por celebrar dignamente os santos mistérios. Mas, também, Deus sabe que estamos impossibilitados, infelizmente já há mais de um ano, de poder participar normalmente das missas e celebrações da Igreja. Deus sabe do nosso coração e da nossa fé. Deus sabe o quanto O amamos. Mas, neste momento é preciso cuidarmos da saúde. E da fé, também! Do jeito que for possível!

Então, da mesma maneira que Cristo ressurgiu, é preciso que cada um de nós ressuscite também. Este é o mistério Pascal: Jesus, filho de Deus, decretou a morte da morte; venceu a morte; conquistou a vida plena e eterna! E nós, em nossa vida? Que áreas e situações devemos dar um basta à morte? É na vida profissional, com as muitas dificuldades impostas pela situação pandêmica? Ou é na família? Será que precisamos restaurar o diálogo, a fraternidade e a vivência familiar? Afinal, onde é que necessitamos de uma ressurreição completa?

O triunfo de Cristo sobre a morte é muito pedagógico, pois, ele nos ensina que, diante das adversidades da vida, dos percalços cotidianos, somos também mais que vencedores. A morte não é o fim. Ao contrário, pode ser apenas uma passagem dolorosa, uma ruptura triste e traumática. Mas, não é fim. É, muitas vezes, o início de tudo. É o início da vida eterna, das alegrias eternas, da vida plena com Cristo. Já em nosso dia a dia, as situações de morte, de dor, de tristeza, de dificuldade, devem ser uma mola propulsora para a vida. Obviamente não é uma situação fácil de se enfrentar, muito menos de se colocar em prática. Entretanto, é necessário transformar nosso olhar diante de tantos problemas que enfrentamos.

Nossa fé nos leva a crer que há esperança. Se Cristo que é Cristo, filho de Deus, precisou passar pela morte, nós, então, em sua irmandade, também precisamos enfrentar de frente e com a cabeça erguida, os obstáculos que a vida coloca em nosso caminho. E sabe o que é melhor? Temos Jesus ao nosso lado. E, claro, a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, nossa Mãe Padroeira, que está sempre de braços abertos para acolher nossa súplica e com o manto sagrado cobrindo-nos em proteção divina. Nunca nos esqueçamos do quanto somos amados pelo Pai, pelo Filho, pela Mãe e, também, pelo Espírito Santos, que nos impulsiona a seguir em frente.

Por isso, durante mais um ano, vamos dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus, a fim de que celebremos verdadeiramente o amor de Cristo entre os irmãos e a fé na ressureição da vida! Maria, Mãe Aparecida, rogai por nós!

Padre Rodolfo Trisltz é pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nova em Londrina.