Sabe aquele empurrão que recebemos vez ou outra na vida? A pandemia de Covid-19 pode também ser considerada esse empurrão. Do nada, uma nova realidade surgiu, deixando, em muitos casos, a seguinte mensagem: se vira! Em alto e bom som, o recado deixou muitos de nós desnorteados, sem saber o que fazer, que rumo tomar, e foi nesse contexto que o Brasil perdeu mais de 10 milhões de empreendedores, ao mesmo tempo que outros abraçaram oportunidades que surgiram mesmo em um momento de dúvidas, isolamento, perdas e medo.

Imagem ilustrativa da imagem ESPAÇO ABERTO - Empreendedorismo e a arte de sonhar
| Foto: iStock

Os estudantes presenciaram o desenrolar de uma pandemia, e uma sociedade sendo obrigada a mudar seus hábitos. Se somarmos comportamento, inovação e criação, teremos como resultado um dos elementos essenciais para o desenvolvimento da economia: o empreendedorismo. Mas os desafios são cada vez maiores, considerando o aumento da população mundial e o aquecimento global.

Hoje, a escola deve ter como objetivo a formação integral do aluno, e a proposta pedagógica deve contemplar um trabalho voltado para as competências e habilidades que vão além das fórmulas de matemática, química e física, língua portuguesa ou história. É necessário sensibilizar os alunos, ensinar o que significa inteligência emocional, a respeitar a opinião do próximo, filtrar informações, e trabalhar constantemente as competências socioemocionais, a educação financeira e o empreendedorismo.

Pensando nos empreendedores que viram seus negócios falir, o que faltou? Eles aprenderam na escola o que é empreendedorismo? Ou sobre planejamento, estratégia, visão, adaptação, inovação, criação? Provavelmente não. No entanto, receber na escola noções de empreendedorismo é fundamental. O empreendedorismo está intimamente ligado à autoconfiança, ao autoconhecimento, a acreditar, perseverar, ser proativo, trabalhar as emoções e a liderar a própria vida dentro do seu projeto de vida.

Mas quem deve ser o professor de empreendedorismo? Todos! Tanto o professor regente quanto o professor especialista são responsáveis por esse aprendizado. Todos devem contribuir. Porém, nos anos finais do ensino médio, a recomendação é ter um professor à frente do projeto. A ideia é que ele seja dinâmico, e que se relacione bem com todos os professores e alunos da escola. Esse profissional será o mediador das reflexões e ideias que surgirão, além de conduzir as atividades e os trabalhos em grupo.

É muito importante que os alunos criem seus próprios projetos, seus “negócios”, e tracem objetivos em comum que devem ser alcançados dentro do ano letivo. Nada deve ser imposto. Quando aprendem sobre empreendedorismo, eles precisam estudar o público-alvo, entender a geografia local, regional, nacional e mundial, elaborar pesquisas, estudar gráficos, tabular, comparar, estudar a história do produto ou serviço, estudar seus costumes e hábitos, tecnologias, arte, comunicação verbal e visual, criar sites, saber gerenciar redes sociais e conhecer a concorrência.

São inúmeros elementos que fazem parte do processo para empreender. Portanto, todos os componentes curriculares são aplicáveis e necessários para o bom resultado de uma educação empreendedora. O importante é fazer com que os alunos apliquem todos os conhecimentos adquiridos para que possam aperfeiçoar suas competências e habilidades.

Empreender é executar uma ação cidadã, é ser sustentável, olhar para o próximo, buscar soluções com a mentalidade ganha-ganha, estar atento para conseguir enxergar e aproveitar as oportunidades. Agora, mais do que nunca, temos um contexto, exemplos e resultados para trabalharmos com os nossos alunos para promovermos discussões, debates, estudos, fóruns, afinal, eles vivenciaram, na prática, um movimento global.

Com o seu atual repertório de vida e conhecimentos adquiridos antes, durante e depois da pandemia, nossos alunos terão condições de compartilhar suas experiências e entender, de fato, o que é o empreendedorismo, e compreender que muitas vezes a necessidade faz você mudar, superar desafios e romper obstáculos.

Estamos em uma época em que o aprendizado dos nossos alunos vai além dos conteúdos acadêmicos. E não mais preparando-os apenas para serem aprovados nos vestibulares ou para boas notas no Enem. Contribuímos para que possam sonhar, preparando-os para a vida, para que façam suas próprias escolhas, entendendo que toda escolha tem consequências, ensinando-os que precisam entender e controlar suas emoções para que sejam os verdadeiros gestores de suas vidas, pensando de forma sustentável, local e global, questionando, argumentando, construindo e reconstruindo, sabendo que a vida é um processo constante de reconstrução e resiliência - e que tudo isso nos torna pessoas melhores e mais fortes.

Cristiane Braga é consultora pedagógica da Conquista Solução Educacional.

A opinião da autora não reflete, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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