Além do histórico de contribuições inovadoras para a cadeia produtiva da soja, a Embrapa Soja completa 46 anos, neste dia 16 de abril, apresentando o Programa Soja Baixo Carbono (SBC). A iniciativa, que será construída em parceria com o setor produtivo, pretende agregar valor à soja produzida em sistemas que sejam competitivos e que contribuam para combater o aquecimento global. Em evento on-line, apresentaremos, neste dia 16, as diferentes etapas a serem cumpridas para concretizar este conceito inovador, cujo foco estará na mensuração dos benefícios e na certificação das práticas de produção sustentáveis.

Atualmente diversas tecnologias, quando adotadas em conjunto, têm potencial para reduzir as emissões absolutas de GEEs na produção de soja. Entre essas tecnologias, destacam-se o sistema plantio direto (SPD), a fixação biológica do nitrogênio (FBN), a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), novos bioinsumos e o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas. Todas essas práticas agrícolas foram desenvolvidas e ou adaptadas por nossos pesquisadores, que estão distribuídos em diferentes bases avançadas. Nossa ideia com o SBC é mensurar as boas práticas agrícolas e valorizar o produtor que adote práticas sustentáveis de produção de soja.

Desde sua fundação, a missão da Embrapa Soja esteve relacionada a apresentar soluções às demandas urgentes e gerar tecnologias agrícolas para suprir as necessidades do Brasil. É importante lembrar que, ao ser introduzida no Brasil, a soja estava adaptada apenas à região Sul, por causa das cultivares que apenas se desenvolviam em latitude próxima aos 30°S. A partir dos anos de 1980, a Embrapa Soja foi a responsável pela coordenação das pesquisas, que resultaram na geração da soja tropical e possibilitou a expansão da cultura no Brasil. A sede em Londrina (PR), próximo ao Trópico de Capricórnio - zona de transição climática – teve preponderante papel nesse processo.

Nas últimas duas décadas, o Brasil se consolidou como um dos principais players do agronegócio mundial. Todo esse protagonismo brasileiro é impulsionado pelo complexo soja, cujas exportações renderam US$ 34 bilhões (1/3 do total do auferido pelo agronegócio). De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a soja é a cultura com a maior área cultivada (36,9 milhões de ha) e produção (120,9 milhões de t) no Brasil, o que torna o País o maior produtor e exportador mundial do grão.

A Embrapa Soja sempre direcionou esforços para responder tecnicamente aos desafios contemporâneos, sempre investiu na prospecção de demandas e privilegiou a avaliação de cenários futuros para pesquisas na vanguarda do conhecimento. A Embrapa Soja vem colocando em prática o projeto Coalização Soja 4.0 que visa fortalecer o ecossistema de inovação para a cultura da soja. Com este novo olhar na economia digital, pretende estabelecer novos patamares tecnológicos e organizar diferentes atores para missões em temas estratégicos.

Ao longo dos anos, a Embrapa Soja estabeleceu uma rede de parceiros, valorizando assim de ações permanentes de transferência de tecnologias. Neste sentido, promovemos eventos técnico-científicos, realizamos treinamentos e capacitação, recebemos visitas e disponibilizamos informações por meio de plataformas multimídia, entre outros.

Estamos em um momento ímpar na nossa história, em que temos que conviver com uma pandemia sanitária global, mas continuar dando atenção às demandas mundiais por alimentos de qualidade. O Brasil tem papel preponderante no abastecimento alimentar mundial e a Embrapa Soja reconhece sua missão na geração e no compartilhamento do conhecimento técnico de qualidade. Em momentos de dificuldades como a atual, o produtor precisa ainda mais de aliados que sustentem suas tomadas de decisão, a partir de dados científicos qualificados.

Alexandre Lima Nepomuceno, Chefe-geral da Embrapa Soja