Ser feliz é nosso objetivo comum de vida; os demais desejos e metas são secundários e mudam de pessoa para pessoa. O homem busca a felicidade desde antes de inventar a roda. Entre tantas poesias com este princípio, o maestro Tom Jobim (NY, 1927-1994), esculpiu em papel de seda “tristeza não tem fim, felicidade sim”. E, a felicidade, que não pode ir se embora, será o enredo da prosa que passar-nos-emos a alinhavar.

O pop-filósofo, professor Clóvis de Barros Filho, cita em suas palestras, quando o tema é felicidade, que para os Gregos “felicidade é um instante de vida que vale por ele mesmo”. Vamos repetir para prender no coração: “felicidade é um instante de vida que vale por ele mesmo” .

Somando as duas citações, que são exemplos de outras tantas que existem com mesma caligrafia, concluímos facilmente que a felicidade não é sentimento constante. Ninguém é feliz o tempo todo. Principalmente nos tempos de pandemia. Aliás, cabe uma pequena reflexão; quem demonstra que esta feliz, hoje, diz na verdade que é indiferente ao sofrimento e infelicidade dos demais.

Estudar a felicidade é a principal tarefa da Filosofia desde sempre. Diante de tantos acontecimentos sociais ruins, aumentos de suicídios e doenças mentais como a depressão e similares; é um tema muito observado no mundo. Nos Estados Unidos, na reconhecida Universidade de Yale, a disciplina mais procurada é a PSYC 157, “Happiness and the Good Life“, que em linhas gerais, ensina a felicidade ao aluno.

No Brasil, dentre os conteúdos com este tema, atuais e antigos, trazemos à baila o Livro Felicidade: Modos de Usar, escrito com penas de ouro pelo trio de pensadores: Leandro Karnal, Mario Sergio Cortella e Luiz Felipe Pondé; que é quase uma descrição da palestra que consta no Youtube: Felicidade: Trancos e Barrancos; onde cada palestrante fala sobre a forma que conceitua a felicidade.

Cortella diz que “a felicidade, é o momento de vibração intensa da vida no qual você se coloca.” Para Pondé, a felicidade ocorre “quando se encontra sentido na vida, sentido no que você faz, quando você encontra sentido com as pessoas que você esta, e este sentido não cai do céu, é preciso esforço”

Para Leandro Karnal “a felicidade é um processo de construção histórica que depende de nossas escolhas feitas durante a vida'', e cita: “não acredito em destino, acredito em esforço, em construção".

Ser feliz é necessário, mas como?

O ser humano é diferente um do outro. Não apenas no DNA, nas digitais ou nas retinas oculares, mas principalmente nos sentimentos. Cada pessoa tem sua forma de encontrar a felicidade. Por isso, aquele livro “Método infalível para achar a felicidade” ou “1001 formas de ser feliz”, às vezes não dá certo para a maioria.

No mundo atual, cheio de respostas e poucas perguntas, é importante olhar para trás e aprender com quem tinha menos distrações tecnológicas, problemas pessoais e armadilhas sociais, e por isso, pensavam muito mais sobre a vida. Os gregos respondiam suas perguntas, com mais perguntas.

Cada pessoa tem sua forma de ser feliz. Muitos arriscam-se serem felizes de forma mecânica, apenas com livros ou conquistas – que pode até dar certo, mas estes dois itens são apenas parte do blend. A maneira fácil de ser feliz é fazer alguém feliz, e o primeiro passo é surpreender e perguntar: Ei, você é feliz?

Estas perguntas quando feitas com surpresa a outrem: Você é feliz? e por quê? Tem um poder incomensurável. Fará eco nos pensamentos da pessoa testada por dia e dias, e a resposta será base para formação da sua visão, das suas convicções, sobre o que é felicidade, do que te faz feliz.

Ronan Wielewski Botelho, filósofo, Londrina