Vivemos tempos sombrios demasiadamente complexos, cuja singularidade provoca perplexidade diariamente. Em pleno 2022 no meio de uma pandemia, após o aumento da vacinação ter reduzido drasticamente o número de internações e óbitos, ainda precisamos conviver com quem insiste em questionar a efetividade das vacinas, sendo capaz até mesmo de promover campanhas para dificultar ou mesmo impedir que pessoas, sobretudo, crianças sejam vacinadas.

Os motivos para tais atitudes são os mais diversos: interesses políticos e econômicos, apego a ideologias, ódio ao diferente, crenças e fanatismo religioso, desinformação, desprezo pela ciência, desumanidade, além de outras razões nem sempre manifestas ou passíveis de percepção e compreensão.

A ganância extrema e a necessidade de manutenção no poder fomentam uma covardia disfarçada de “atitude corajosa”, que se apoia nas piores estratégias possíveis para ludibriar pessoas a fim de manter e conquistar adeptos, ainda que colocando em risco e, por vezes, provocando a morte desses mesmos apoiadores.

Compromisso com a verdade? Com a vida? Com o ser o humano? Com a nação? Parece não existir, nem mesmo entre grupos de apoiadores. Cada um serve apenas até ser descartado. Mesmo assim, alguns insistem em propalar mentiras ou meias verdades sem medir as consequências do que divulgam. Infelizmente há quem por interesses mesquinhos invista na propagação de informações falsas e, por outro lado, há quem por ganância covarde assume o papel de disseminador de mentiras, ainda que no final das contas isso reverbere em prejuízo para si mesmo.

Na ânsia pela manutenção do poder apela-se para todo e qualquer tipo de polêmica. Negar a eficácia de vacinas, autoritarismo, censura, disseminar notícias falsas, ameaçar, atacar jornalistas, professores, cientistas médicos, líderes religiosos, entre outros. Postagens mentirosas e ofensivas em redes sociais são utilizadas para desacreditar resultados de anos de pesquisas. Alguns se consideram tão superiores a ponto de se acreditarem capazes de julgar quem pode ou não ser cristão por conta de suas opções políticas.

Entretanto, ainda que desconsiderada, a conta para tantos disparates começa a se apresentar. Basta mencionar, por exemplo, o fato de que atualmente a maioria das internações e infelizmente óbitos pela Covid-19 são de pessoas que, por alguma razão, não se vacinaram, ou não completaram o ciclo de vacinação. Acrescenta-se a essa triste realidade, o aumento da miséria e da fome que assolam um país sistematicamente sabotado em seu esforço de desenvolvimento.

O que fazer diante de uma tal realidade? Promover mais ódio e desinformação? Alguns embriagados em seus interesses mesquinhos parecem acreditar que esse seja o caminho. Entretanto, urge reacender a esperança, voltar a acreditar no ser humano e humanizar. Se quisermos ter futuro precisamos permitir e possibilitar que os outros também tenham. Diante de nós a vida e a morte. É preciso saber escolher.

Luís Fernando Lopes é Mestre e Doutor em Educação. Professor do Mestrado em Educação e Novas Tecnologias e da Área de Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter

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