Escolas vão falar de sexo no dia-a-dia

Memória de 05 de fevereiro de 1999

Este ano mais de um milhão de alunos de 1ª a 8ª séries da Rede Estadual de Ensino vão estar discutindo, dentro de disciplinas regulares, temas como gravidez precoce e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). A expectativa é que esse trabalho ajude a reduzir os 39,7 mil casos de gravidez na adolescência registrados em 1998 e a incidência de Aids entre adolescentes. Só em 98, 33 menores de 13 anos foram contaminados, além de 635 indivíduos entre 13 e 49 anos.

O programa vai atingir todas as 2.162 escolas da rede estadual. Segundo a técnica da equipe pedagógica do Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria de Estado da Educação (SEED), Valdice Wagner Pacheco, a iniciativa busca dar um tratamento formal nas escolas do Estado a temas pré-determinados pelo Ministério da Educação e Desporto (MEC), os chamados "temas transversais". De 1ª a 4ª série serão discutidos ética, orientação sexual, meio ambiente, pluralidade cultural e saúde. Os alunos de 5ª a 8ª séries vão discutir ainda trabalho e consumo. "Os professores vão poder tocar nas questões culturais de tabus e preconceito como o uso da camisinha. Se o aluno se torna consciente vai ter condições de fazer escolhas", disse.

As adolescentes Elaine e Janine, ambas com 17 anos, aprovaram a nova forma de se tocar em temas polêmicos. Elaine, que no ano passado terminou o 2º grau no Colégio Estadual do Paraná, conta que as atividades destinadas a esclarecer dúvidas sobre DST e Aids sempre aconteciam em um clima de grande tensão. "Era o dia de falar de sexo e as pessoas ficavam assustadas. Acredito que se os temas forem tratados sutilmente dentro das aulas normais vão atingir com mais facilidade os seus objetivos."

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