Esta semana, os noticiários reforçaram a preocupação com a segunda dose das vacinas contra a Covid-19 no País. Com cerca de 10% da população vacinada com a primeira dose, o reforço tem prazos para ser aplicado, segundo os fabricantes e especialistas.

A CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan, que corresponde a 8 entre 10 aplicações feitas no País, exige uma segunda dose após 28 dias da primeira aplicação. Já a Oxford AstraZeneca , fabricada pela Fiocruz, prevê a segunda dose até 12 semanas após a aplicação da primeira.

Na quarta-feira (7), o Instituto Butantan informou que está sem o insumo básico para a fabricação de mais vacinas: o chamado IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), comparado à farinha para fazer o pão. Apesar disso, o Butantan se comprometeu a entregar mais vacinas na semana que vem porque tem 2,5 milhões de doses já prontas, só aguardando a validação do controle de qualidade. O Butantan também tem prazos estabelecidos com o Ministério da Saúde e se compromete a entregar 46 milhões de doses até o fim de abril, apesar do atraso do envio dos insumos pela China. Os insumos deveriam ter chegado ao Brasil na sexta-feira (9), mas a entrega de 6 mil litros de IFA foi adiada para 15 de abril, o suficiente para fabricar mais 10 milhões de doses.

Na Fiocruz a situação também é difícil. O laboratório carioca teve problemas para engrenar a produção, mas afirmou esta semana que está conseguindo produzir 900 mil doses por dia. Para abril, a expectativa é que Fiocruz também entregue 18,9 milhões de doses. Mas expectativa não significa segurança e em algumas cidades do interior de São Paulo, como Franca, a segunda dose prevista para idosos entre 85 e 89 anos não pode ser aplicada. O compromisso só foi cumprido com aqueles que têm mais de 90 anos.

No Paraná, há informações que Curitiba paralisou a vacinação da primeira dose para algumas faixas etárias, mas a promessa é intensificar a vacinação da segunda dose para grupos prioritários, segundo anúncio do governo. A expectativa é garantir a imunização completa para 633 mil paranaenses nos próximos 20 dias.

A cobertura total de imunização vai demandar tempo em todo o país: são milhões de doses que devem chegar à população no menor prazo possível ou, pelo menos, segundo as diretrizes de um cronograma básico que o governo federal já ameaçou romper. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga , afirmou que não existem milagres quando faltam vacinas em nível internacional mas, nesta sexta-feira, pediu mais dinheiro ao ministro Paulo Guedes para combater a pandemia.

Afinal, com cerca de 4 mil mortes por dia no país, as estratégias têm que ser precisas ou todo um trabalho que já começou com atraso em relação a outros países poderá ser interrompido tornando mais desastrosa a campanha contra o coronavírus. O Brasil acumula erros desde que atrasou a compra das vacinas junto aos laboratórios farmacêuticos, outros erros agora também seriam fatais. No momento, a regra é correr atrás do prejuízo: com o governo comprando tudo o que pode e vacinando para comprovar o juízo.

A FOLHA deseja imunização e saúde aos seus leitores!