Enquanto a visão é turva
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sexta-feira, 12 de julho de 2002
Alguns pontos polêmicos cercam as discussões entre o poder público municipal e os vendedores ambulantes de Londrina. Justificava-se no passado que os camelôs, como são conhecidos, são filhos da crise econômica e herdaram o desemprego. É verdade. Continua, a maioria deles, tendo a informalidade como única opção de fonte de renda. Mas é evidente, não somente em Londrina, como também nos principais centros habitacionais onde existam estes trabalhadores, que muitos já se tornaram microempresários. Nesta condição, ganham mais que a maioria dos assalariados.
Porém, escorados em decisões privilegiadas, justamente pelo apelo do desemprego, os informais pagam menos impostos que os assalariados, muitos deles já com esse ônus descontado da folha de pagamento, e não estão sujeitos à pesada carga tributária imposta aos pequenos comerciantes. Há, portanto, uma relação de injustiça, na medida em que o dono de um bazar de uma porta, que leva seu negócio com a ajuda da mulher e de um filho, vê seu lucro escorrer pelo ralo do mundo fiscal.
Essa realidade mostra-se mais grave ainda quando se percebe e isso é evidente até para os olhos da fiscalização tributária que alguns informais praticam contravenção à luz do dia. CDs piratas e produtos estrangeiros trazidos ilegalmente podem ser comprados.
Então, enquanto a visão é turva, em cima de uma justificativa social, que os camelôs se entendam. O poder público, já tão passivo diante de outros problemas, precisa de um acordo com os informais de Londrina.
Walter Ogama