A UEL (Universidade Estadual de Londrina) dá um passo à frente com o projeto de utilização de energia fotovoltaica que deverá ser inaugurado em breve. Matéria publicada nesta sexta-feira (16) na FOLHA, informa que placas fotovoltaicas estão sendo instaladas no estacionamento da Clínica Odontológica para captação deste tipo de energia no campus. As placas foram produzidas na própria UEL, o que resultou numa economia de 70% no seu custo.

A universidade abriga um público de mais de 22 mil pessoas, entre professores, alunos e funcionários. O campus ocupa 150 hectares, demandando um consumo de energia elétrica de 732 Mwh por mês. O consumo médio de uma residência em Londrina é de 160 kMh por mês, isso significa que o campus consome em um mês o equivalente a 4.500 residências da cidade.

A instituição foi selecionada por um programa de Eficiência Energética da Aneel/ Copel em 2018 e deverá receber R$ 3 milhões em investimentos para cumprir as metas de criar energia para o próprio consumo. Ainda estão previstas ações como a substituição de lâmpadas fluorescentes pelo modelo LED e a troca de aparelhos de ar-condicionado por modelos mais modernos. Também estão sendo ampliados estudos para a produção de energia eólica e biogás na universidade.

A exemplo do que acontece na UEL, toda geração e consumo de energia devem ser repensados no presente, com vistas ao futuro. Segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), atualmente 51 mil consumidores no País produzem sua própria energia. A expectativa é de que este número salte para 886 mil unidades consumidoras até 2026, com potência instalada de 3.200 megawatts (MW).

O Brasil tem excelente potencial para captação de energia solar. São necessárias campanhas para maior utilização deste tipo de energia, o que deverá ocorrer com custos mais baixos para compra e instalação de aparelhos solares e maior incentivo do governo com linhas de financiamento através de bancos públicos e privados.

Em 2019, a expectativa é que o Brasil possa ter um crescimento de 44% de energia solar instalada, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Os projetos de geração distribuída devem somar 628,5 megawatts (MW) em capacidade solar no País, o que significa um salto de 125%.

Outras projeções são também otimistas: a Empresa de Pesquisa de Energia (EPE) estima que, até 2024, o Brasil terá mais de 1 milhão de sistemas fotovoltaicos em operação. No ano de 2030, a meta é chegar aos 25 GW de capacidade instalada.

Tudo isso vai ao encontro dos anseios da população: pesquisa realizada no ano passado mostra que 89% dos brasileiros têm vontade de gerar sua própria energia de forma sustentável. Mas, apesar dos avanços, a Aneel estima que a energia solar responde por apenas 1% da capacidade instalada no País e isso é muito pouco.

Países como a Itália, Espanha e Alemanha têm investido em massa neste tipo de captação de energia. Segundo a Irena (Agência Internacional de Energia Renovável), a expectativa é que dois terços da geração energética na Alemanha seja proveniente de fontes renováveis até 2030. Na mesma linha, todos os países da União Europeia se comprometeram a dobrar a geração o poder de geração energética solar até 2030.

Fica o exemplo para o Brasil que, devido ao seu imenso potencial, só precisa de incentivo para andar a par e passo com países que já despertaram para este desafio. Uma megausina instalada no deserto africano, de propriedade marroquina, deverá suprir não só as necessidades da região, mas seu excedente será exportado para países europeus. Apesar do momento brasileiro não ser exatamente propício à sustentabilidade, não custa lembrar que a questão energética é uma das maiores preocupações da agenda ambiental em todo o mundo.