Brasilia, Brazil - November 18, 2015: Planalto Palace, the official workplace of the President of Brazil, located in the national capital of Brasilia.
Brasilia, Brazil - November 18, 2015: Planalto Palace, the official workplace of the President of Brazil, located in the national capital of Brasilia. | Foto: iStock

Em outubro teremos novo ciclo de eleições presidenciais. Sendo assim, seguindo os preceitos constitucionais, no dia dois – primeiro domingo do mês – realizar-se-á o primeiro turno e, no dia 30 – último domingo –, o eventual segundo turno, caso nenhum candidato alcance a margem de votos necessária para a vitória em turno único. É de conhecimento público que, nos últimos anos, a incredulidade toma conta do eleitorado, tendo em vista a forma banal como a política tem sido tratada. Considerando a lista enorme de termos pejorativos associados à política e aos políticos, dinâmica corriqueira em nossa cultura, esse pleito vai tomando uma configuração peculiar, ao mesclar amplo potencial de radicalização ideológica em meio a uma conjuntura econômica recessiva.

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Direita, esquerda; conservador, progressista; reacionário, revolucionário. Díades passíveis de mobilização para discutir o atual momento político. Bolsonaro seria o representante do primeiro segmento (direita, conservador e reacionário); Lula, por sua vez, do segundo (esquerda, progressista e revolucionário). Nada mais caricato, pois tal quadro serve apenas para animar os já convertidos! O marketing se configura como elemento explicativo, ocupando cada vez mais o espaço da política na atualidade. A política não deveria ser banalizada, em virtude de sua relevância para o cidadão, independentemente da posição que ele ocupe na escala social ou no espectro ideológico. Somos, de fato, um animal político, o que não significa a adesão ao radicalismo, aspecto pelo qual o atual pleito atrai tanta atenção, dentro e fora do país.

A percepção do eleitorado é de resiliência, conforme registra a pesquisa BTG/FSB, registrada no TSE sob o nº BR-09292/2022, realizada entre 8 e 10 de julho, quando foram ouvidas 2000 pessoas por meio de entrevista telefônica. O primeiro item relevante é a percepção sobre a inflação trimestral: 94% responderam que os preços aumentaram, “muito” (83%) ou “um pouco” (11%); outros 2% entenderam que eles “ficaram iguais”, enquanto para outros 2% os preços diminuíram “muito” ou “um pouco”. Apenas 1% indicou diminuição! A pesquisa avaliou ainda a percepção sobre o conjunto da economia, retornando o seguinte panorama: 92% consideram que o país vivencia uma crise econômica! 34% dos entrevistados acreditam que o país está conseguindo superá-la, mas outros 58% consideram que o país enfrenta dificuldades para isso.

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O grau de interesse nas eleições foi outro item analisado pela pesquisa, retornando os seguintes números: 64% “muito interessado/interessado”; 14% “mais ou menos interessado”; 21% “pouco ou nada interessado” e 2% “não sabem ou não responderam”. Em um primeiro momento, o elevado percentual de interesse nas eleições (64%) causa algum alento, mas, se considerarmos as seis rodadas da pesquisa (série histórica atual) o panorama não é tão positivo: março, 64%; abril, 66%, maio, 69% e junho, 65%. Nesse sentido, entre maio-junho houve a redução de quatro pontos percentuais. Se considerarmos o intervalo maio-julho a queda perfaz o total de 10% no interesse dos eleitores entrevistados com relação às eleições de outubro, recuando aos números de março. Além disso, há algo que a pesquisa não capta: o alegado interesse será convertido em participação efetiva nas urnas?

A agenda social permanece em foco por conta da crise socioeconômica em curso, agravada pela pandemia de Covid-19. As redes de solidariedade, formais e informais, vão crescendo cotidianamente. Se uma parcela da coletividade está em desalento, outra parcela permanece resiliente, estendendo a mão solidária aos demais. A polarização Lula-Bolsonaro está mais do que consolidada, pois em todas as rodadas da pesquisa, o petista apareceu na liderança – aliás, na maioria das pesquisas realizadas até agora, não apenas na citada anteriormente. Há espaço para mudança do voto? Não, se as urnas confirmarem a tendência indicada pelas pesquisas.

Márcio Santos de Santana, professor do Departamento de História da UEL (Universidade Estadual de Londrina)

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