Efeitos da violência na vida cotidiana
Os protestos contra a morte dos jovens começaram nos arredores da Bratac, onde a família de uma das vítimas mora
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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Os protestos contra a morte dos jovens começaram nos arredores da Bratac, onde a família de uma das vítimas mora
Folha de Londrina
Na noite de segunda-feira (17) e madrugada de terça-feira (18), o londrinense teve uma mostra de como a violência pode afetar a vida cotidiana de uma cidade inteira. A morte de dois jovens no sábado (15), tratada pelas autoridades da segurança pública como ocorrida em confronto com policiais militares, gerou protestos de familiares e amigos dos rapazes na tarde de segunda-feira (17).
As mães dos jovens disseram que eles eram trabalhadores e que não houve confronto, mas uma "execução". Segundo elas, o corpo dos filhos tinham mais de 10 perfurações.
Os protestos contra a morte dos jovens começaram nos arredores da Bratac, onde a família de uma das vítimas mora, com o fechamento da avenida Brasília. Logo, novas manifestações tomaram corpo em outras regiões da cidade, fechando vias importantes como a avenida Guilherme de Almeida (zona sul), a rodovia Carlos João Strass (zona norte), e trecho da BR-369, próximo à entrada da Vila Marisa.
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À noite, os protestos escalaram para atos de vandalismo e intimidação, com dois ônibus sendo incendiados e a PM (Polícia Militar) precisando entrar em residências para salvar idosos e crianças no Monte Cristo (zona leste), próximo de onde um dos veículos queimava.
A consequência dessa escalada para a violência foi a suspensão, na segunda à noite, dos serviços de transporte coletivo urbano e do recolhimento do lixo. Havia a preocupação pela integridade física dos trabalhadores e dos usuários de ônibus.
Os serviços voltaram a funcionar às 6 h de terça-feira com saldo de medo e apreensão, pois trabalhadores e estudantes que utilizam o transporte público na noite anterior tiveram que desembolsar para pagar a tarifa dinâmica do Uber (quando os preços da corrida sobem porque a demanda é alta) ou precisaram voltar para casa caminhando.
Quanto a situação que provocou toda a confusão, a morte a tiros dos jovens de 16 e 20 anos, na zona oeste de Londrina, o secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, disse que foi aberto um Inquérito Policial Militar.
A morte dos jovens em um suposto confronto reacendeu a discussão sobre o uso de câmeras corporais pelos integrantes da Polícia Militar. Desde abril do ano passado, um número reduzido de policiais está usando os equipamentos em fase de testes.
É importante que seja preservado o direito de protesto dos cidadãos, que têm a prerrogativa de usar suas vozes para denunciar, por exemplo, casos suspeitos de violência policial. Mas é inaceitável que uma manifestação que pede por justiça se transforme em um ato violento e que traga prejuízos para a população em geral.
Um protesto pacífico é uma forma de expressão garantida pela Constituição e tem a capacidade de transmitir a mensagem dos manifestantes com eficácia. Mas, se ela vem acompanhada de vandalismo e intimidação, a causa acaba não encontrando apoio da sociedade. A paz precisa prevalecer.
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