A quinta-feira (2) começou com o presidente Jair Bolsonaro afirmando que a educação no Brasil "está horrível" e acenou a apoiadores que o guardavam na saída do Palácio Alvorada que poderia escolher o novo ministro da pasta ainda ontem.

A saída de Carlos Decotelli do governo apenas cinco dias após ser anunciado como ministro da Educação colocou o Palácio do Planalto em uma “saia justa”. O sucessor de Abraham Weintraub não chegou a tomar posse e pediu demissão justamente para estancar a crise detonada a partir de revelações de falsidades em seu currículo.

Decotelli foi o terceiro ministro da Educação na gestão Bolsonaro, sendo que o primeiro escolhido foi Ricardo Vélez Rodríguez.

A declaração de que a educação está “horrível” no Brasil foi feita por Bolsonaro após uma apoiadora, que se identificou como representante de escolas particulares, provocar o presidente dizendo que a educação está "definhando no Brasil".

Até o fechamento desta edição, o presidente ainda não havia nomeado um novo titular para o MEC. Nesses dias que antecederam a escolha, ficou mais ainda evidente a disputa entre as alas militar e ideológica do governo.

O nome mais forte é o do atual reitor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Anderson Ribeiro Correia. Parece ser um nome de concordância, pois ele tem o apoio tanto de integrantes da cúpula militar como do núcleo ideológico.

Se a confusão em torno do currículo “bombado” de Decotelli colocou a área da educação do governo Bolsonaro em uma “saia justa”, pior ficou para a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), encarregada de levantar as informações e os antecedentes dos candidatos a integrar o governo federal.

Além da agência, é papel da Secretaria-Geral da Presidência da República e da Casa Civil analisar a vida pregressa dos indicados.

Três ministros passaram pelo MEC na atual gestão presidencial. Com três titulares em 18 meses, é claro que a pasta estagnou em vários aspectos. Desnecessário dizer que essa instabilidade é prejudicial ao setor da Educação como um todo.

A troca de ministros da Educação foi comum também nos governos que antecederam Bolsonaro. Michel Temer teve dois nomes. Mas o País passa por um momento muito delicado, por conta da pandemia do novo coronavírus e da crise que vem no rastro da doença. Educação e também Saúde sem comandantes pilotando o barco não é um bom sinal para quem espera chegar bem e saudável no próximo porto.

O Brasil não pode esquecer que a educação precisa ser prioritária e, infelizmente, a instabilidade de nomes no ministério passa a ideia de inconstância e fragilidade. Mais que isso, é uma área estratégica para o desenvolvimento do País.

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