A Educação a Distância emergiu como catalisadora no cenário educacional, desafiando concepções e desdobrando-se num horizonte vasto de possibilidades. Seu impacto vai além do ensino convencional, transcendendo limitações geográficas, sociais e temporais. Um dos pontos de destaque é a inovação, possibilitando o uso intensivo de tecnologias e favorecendo a articulação entre teoria e prática, potencializando as atividades presenciais com métodos flexíveis e dinâmicos.




Não se trata de falta de práticas ou estágios. Existe sim uma abordagem metodológica que integra e valoriza essas atividades, conferindo-lhes relevância ainda maior. Considerar a Educação a Distância como formato desprovido de prática significa desconsiderar tais preceitos. Caso haja instituições que adotem essa postura, é fundamental que sejam reportadas e penalizadas, evitando assim a equiparação entre aquelas que seguem as diretrizes estabelecidas e as que não o fazem.




A validação dessa abordagem é evidenciada nos resultados do Enade, o exame de desempenho dos estudantes de graduação. Análises da consultoria HOPER Educação indicam que formandos na modalidade EAD obtêm notas ligeiramente superiores aos de cursos presenciais, na avaliação de conteúdo específico às áreas profissionais (40,21% X 39,78%). Outro fator importante é a EAD propiciar aprimoramento de habilidades fundamentais no contexto do século XXI.



Organização e disciplina são instigadas pela necessidade de gerenciar o tempo de estudo de forma autônoma. O foco é a competência estimulada, dado ao ambiente que requer concentração para completar as atividades de forma independente. A proatividade é essencial, já que os estudantes precisam assumir a responsabilidade por seu próprio progresso. A flexibilidade é inerente à EAD, pois os alunos precisam adaptar-se a diferentes metodologias, plataformas e interações, que desenvolvem a capacidade de se ajustar a distintos cenários.





Outros atributos: o trabalho em equipe é incentivado por meio de projetos colaborativos. O domínio da tecnologia é uma competência naturalmente ampliada. Além disso, a EAD estimula o autoconhecimento, devido à maior autonomia para escolher ritmo de estudo, identificar preferências de aprendizagem e refletir sobre o processo educativo. A Educação a Distância atua como instrumento transformador ao ampliar o acesso à educação para grupos que enfrentam barreiras significativas.



A capacidade de transpor limites geográficos e temporais se revela como oportunidade para muitos que estavam à margem, que vivem em áreas remotas, que enfrentam restrições de mobilidade ou de tempo. Rompe também fronteiras culturais ao proporcionar ambiente educacional globalizado. A interação entre estudantes de diferentes origens e experiências de vida é um dos pilares que enriquecem essa modalidade. A diversidade de pontos de vista favorece a convivência dinâmica, inovadora, enriquece os debates, desafia conceitos preestabelecidos e incentiva a compreensão mais ampla e inclusiva da realidade.





Para alcançar todo o potencial da Educação a Distância e assegurar sua posição como alternativa de ensino de qualidade, é crucial aprimorar e reforçar a estrutura regulatória que a envolve. A ideia é que a EAD não seja considerada modalidade educacional secundária, mas opção igualmente valiosa. Isso requer comprometimento em estabelecer padrões uniformes de qualidade. É essencial adaptar os processos regulatórios de avaliação para refletir a natureza única da EAD. As avaliações devem ser concebidas de modo a capturar a diversidade de abordagens de aprendizado, valorizando suas peculiaridades.




Proibir ou cercear a EAD - como se vem ventilando - não é a solução. O verdadeiro avanço reside na identificação e no fortalecimento de práticas eficientes, na criação de regulamentação apropriada e na busca pela excelência educacional. A Educação a Distância representa a ponte para um futuro mais inclusivo, dinâmico e capacitador. Agora, é o momento de acolher esse avanço educacional, consolidar e ampliar o acesso à educação como um direito universal.



Leandro Henrique Magalhães é doutor em História, professor e procurador institucional da UniFil junto ao MEC, e membro do Conselho de Ética e Qualidade da Associação Brasileira de Educação a Distância




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