EDITORIAL: Vacinação: por que parou?
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sexta-feira, 12 de maio de 2023
Não há dúvida de que a vacinação foi um marco importantíssimo no combate à Covid-19 no Brasil e no mundo e que o avanço da imunização foi a condição que permitiu que as medidas restritivas fossem flexibilizadas. A partir da vacinação, o número de óbitos caiu, assim como os casos graves da doença causada pelo SARS-CoV-2.
Quando foi aplicada a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no Brasil, em 17 de janeiro de 2021, a notícia foi recebida com euforia. Foram meses de negociação para compra e fabricação do imunizante. Mas se teve euforia, também teve desconfiança, polêmica e desinformação. O Brasil teve até uma comissão parlamentar de inquérito, a CPI da Pandemia, que colocou muita lenha na fogueira das disputas políticas e diferentes narrativas sobre sucessos e fracassos na condução do enfrentamento da doença.
Hoje, mais de dois anos depois do início da imunização contra a Covid-19, chegamos ao que as prefeituras da Região Metropolitana de Londrina chamam de estagnação do processo de vacinação. Sobram doses e faltam braços.
Pouco mais de duas semanas desde que a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) recomendou a vacinação das pessoas a partir de 18 anos com a vacina bivalente contra a Covid-19 – seguindo recomendação do Ministério da Saúde –, os números de imunizados com o reforço seguem estagnados em Londrina e região.
A segunda maior cidade do Paraná, por exemplo, tem 44.559 imunizados com a dose extra entre 383.588 aptos, o que representa 11,6% do público-alvo. Em Ibiporã o percentual é parecido. Apenas 12% da população que pode receber a dose foi em busca nas UBS (Unidades Básicas de Saúde), cerca de 4.500 moradores.
“Nos primeiros dias que foi aberto para o público em geral teve procura, mas depois não teve tanta. Falta interesse da população, até porque houve redução de casos, que foi devido à vacinação, e de certa forma as pessoas ficaram tranquilas”, avaliou Vanessa Luquini, diretora de Epidemiologia da secretaria municipal de Saúde de Ibiporã.
Cambé tem cobertura vacinal de 25,47%, somando todos os públicos liberados para receber a bivalente. Nesta semana foi aberta a imunização para quem tem entre 18 e 39 anos. Outra cidade com baixa procura é Rolândia, que aplicou 3.841 doses bivalente, aproximadamente 7,5% da população acima de 18 anos. A imunização da população idosa está em 27%.
A vacina bivalente protege contra as cepas originais do coronavírus e a variante Ômicron, que é a predominante no mundo. De acordo com a Sesa, 97% dos municípios paranaenses já convocaram a população acima de 18 anos para receber a vacina bivalente contra a Covid-19.
Especialistas alertam que a falta de vacinação e o relaxamento dos cuidados é uma conta preocupante. A Covid-19 pode ter deixado de ser uma emergência sanitária de importância internacional, mas a pandemia ainda não terminou.
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