As ondas de calor extremo que atingem o hemisfério norte acende um alerta para o Brasil. Segundo o físico Paulo Artaxo, professor da USP (Universidade de São Paulo), e um dos membros do IPCC, o Painel Internacional para Mudanças Climáticas da ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil "tem uma vulnerabilidade muito grande para as mudanças climáticas, particularmente por ser situado em uma região tropical - ou seja, já está nas áreas mais quentes do planeta".

Em dois dias seguidos, o calor extremo chegou a um novo recorde. Nesta terça-feira (4), atingiu 17,18°C. Na segunda-feira (3), a média de temperatura global tinha alcançado 17,01°C, superando o maior índice registrado pelos cientistas até então, de 2016.

Dados do Centro Nacional de Previsão Ambiental dos Estados Unidos, órgão ligado à Administração Oceânica e Atmosférica (Noaa, na sigla em inglês), indicam que a anomalia (quando a temperatura registrada foge do padrão histórico para este dia) chegou a 0,98°C.

Dois fatores explicam a onda de calor extremo, segundo especialistas: as mudanças climáticas e o fenômeno El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Pacífico, perto da linha do Equador.

No último dia 15, o serviço de observação europeu Copernicus apontou que o começo de junho foi o mais quente já registrado e que o recorde foi superado por uma "margem substancial".

No fim de abril uma onda de calor extremo atingiu Espanha, Portugal e o norte de África e em maio um relatório do World Weather Attribution (WWA) afirmou que o evento incomum seria "quase impossível sem a mudança climática". O WWA é uma rede global de cientistas que avalia a relação entre eventos climáticos extremos e transtornos climáticos.

Nos seus mais de 4,5 bilhões de anos, o planeta Terra passou por ciclos naturais de alterações do clima, com aquecimento e resfriamento. Hoje, essas alterações são causadas pela ação do homem e aumentaram a concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera, dando passagem para mudanças climáticas. As consequências já estamos sentindo na forma de picos de frio intenso ou de calor extremo, além de períodos de seca ou de chuva intensa.

Pensar e agir para conter as mudanças climáticas é um tema muito importante porque está relacionado com a vida no planeta e o bem-estar da população. A sociedade e o poder público precisam estar mais comprometidos com o ambiente, investindo em ações sustentáveis e de conscientização da população.

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