EDITORIAL: Pesquisa e ciência para um sociedade melhor
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 12 de julho de 2024
Folha de Londrina
O paranaense César Lattes, um dos principais cientistas brasileiros de todos os tempos, completaria 100 anos na quinta-feira (11). É o brasileiro que mais chegou perto de ganhar um Prêmio Nobel, ao descobrir as partículas méson Pi, que ajudaram a explicar melhor como os átomos funcionam. Ele dedicou parte importante de sua vida para contribuir com o fortalecimento da ciência nacional.
Foi professor universitário por décadas, um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e ajudou na criação de iniciativas como o Conselho Nacional de Pesquisas (atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq), além da Escola Latino-Americana de Física e o Centro Latino-Americano de Física.
Foi homenageado, ainda em vida, dando nome, em 1999, ao sistema nacional que abriga dados de professores, estudantes e pesquisadores acadêmicos, a Plataforma Lattes.
É oportuno esse tributo ao centenário de César Lattes no justo momento em que a equipe econômica do governo federal planeja cortes nas despesas obrigatórias do orçamento de 2025 e debate-se em quais áreas serão feitas esse enxugamento.
Esses momentos costumam ser traumáticos para a ciência. De 2014 a 2021, segundo informações da Câmara dos Deputados, as perdas com cortes orçamentários em fomento à pesquisa científica e tecnológica chegaram a R$ 83 bilhões.
É bom lembrar que muitos países encontraram na ciência as saídas para crises econômicas e a mitigação da pandemia da Covid-19 foi uma lição de como a pesquisa científica faz diferença para a humanidade.
Na quinta-feira, mesmo dia do aniversário de César Lattes, nome que enche de orgulho os paranaenses, a Folha de Londrina publicou reportagem sobre uma pesquisa paranaense que pode ajudar a explicar a linha evolutiva do homem. O estudo está sendo realizado pelo Laboratório de Ecologia e Comportamento Animal, do Centro de Ciências Biológicas da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e registrou, com riqueza de detalhes, que os macacos-prego do parque municipal Arthur Thomas utilizam ferramentas para obter comida.
Estudos da última década, realizados pela USP (Universidade de São Paulo) na Serra da Capivara, no Piauí, já mostravam que ferramentas de pedra são usadas por macacos-prego há pelo menos 3 mil anos. No entanto, este comportamento é registrado em áreas com escassez de alimentos, como partes da caatinga e do cerrado. Se ficar confirmado que há abundância de alimentos dentro do Parque Arthur Thomas, como os pesquisadores acreditam, o estudo ganha ainda mais relevância.
A importância da pesquisa na sociedade é muito grande. Qualquer país que deseja ser relevante necessita avançar permanentemente em ciência, tecnologia e inovação. Os desafios globais, como desigualdade social, escassez de água, destinação de lixo, manutenção dos biomas e biodiversidade, produção de alimentos, entre outros, requerem soluções baseadas em inovações científicas e tecnológicas.
Obrigado por ler a FOLHA!

