EDITORIAL: Para todas as `Rebecas´do Brasil
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 06 de agosto de 2024
Folha de Londrina
O ouro olímpico da ginasta Rebeca Andrade colocou as mulheres atletas brasileiras em um alto patamar. Ela alcançou o topo da lista do ranking brasileiro com seis medalhas, passando à frente dos incríveis velejadores Robert Scheidt e Torben Grael.
Rebeca se enquadra ao lado de ícones femininos importantíssimos no esporte brasileiro, que fizeram história, como a tenista Maria Esther Bueno, as rainhas Marta (futebol), Hortência (basquete), e Magic Paula (basquete).
Não deve demorar muito para aparecer um apelido que atualize o codinome "Daianinha de Guarulhos”, como era chamada nos idos 2012, quando começou a despontar na ginástica. Nas redes sociais, nesta segunda-feira (5), a população de Guarulhos se revezava em sugerir ruas e praças que poderiam levar o nome da sua filha, hoje, mais famosa. Houve gente que proclamava mudar o nome da cidade para Rebeca Andrade.
A garota de 25 anos não apenas ganhou o ouro, mas deixou para trás no solo (e também na trave) a maior ginasta da história, a americana Simone Biles. Mas o que muitos não sabem é que antes, Rebeca ainda precisou vencer as sérias adversidades de um país muito desigual. Estamos falando de uma história de superação e esforço pessoal gigante.
Ela é uma dos sete filhos de dona Rosa, que trabalhava como empregada doméstica e os criou sozinha. Aos seis anos, Rebeca entrou para um programa da prefeitura de Guarulhos voltado à formação de ginastas. Teve a sorte de pertencer a uma família que a apoiou, assim como professores e técnicos que não mediram esforços para ajudá-la. A menina chegou a morar na casa de uma professora, de segunda a sexta-feira, para facilitar a logística de idas e vindas da escola e treinos.
As duas medalhas de ouro para o Brasil até a tarde de ontem, conquistadas por Rebeca e Bia Souza, do judô, além das outras nove de prata e bronze, elevaram o Brasil para a 17ª posição no ranking de Paris 2024. Mas ainda estamos muito longe de outros países como Estados Unidos e França, que proporcionam mais apoio governamental e privado para os seus atletas.
Cada atleta que participa das Olimpíadas de Paris traz consigo histórias de superação, esforço e sonhos realizados (ou não). Milhões de pessoas são inspiradas, em todo o mundo, por essas narrativas. Independente da cultura e das condições sociais e econômicas, imagine quantas meninas estão sendo influenciadas, hoje, a seguirem o caminho da dedicação e perseverança da maior atleta olímpica brasileira.
Obrigado por ler a FOLHA!