Apesar de todos os aspectos positivos que a internet oferece às crianças e adolescentes ( todo um universo de diversão e ferramentas de aprendizado), a longa exposição ao mundo digital e sem orientação de adultos são riscos sérios à saúde mental e segurança dos jovens. A questão da violência nas unidades escolares, tema que vem sendo bastante discutido nas últimas semanas devido aos recentes ataques ocorridos em um colégio de São Paulo e uma creche de Santa Catarina, é apenas uma das consequências da exposição à web - no que diz respeito aos conteúdos que fazem apologia à violência.

Mas nos últimos meses outro perigo relacionado ao uso da internet vem chamando a atenção de pais e policiais. Trata-se do sumiço de crianças e adolescentes, que saem de casa depois que marcam encontros com adultos que conheceram por meio, principalmente, de redes sociais.

A FOLHA mostrou, em reportagem, que a prática está ganhado a atenção dos policiais que atuam no Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas) da Polícia Civil do Paraná. Todos os desaparecimentos relacionados a esse tipo de caso foram solucionados nos últimos anos no estado, mas existe sempre a preocupação de que alguma história não tenha final feliz.

No fim do ano passado, uma menina de 11 anos saiu de casa, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, para encontrar um homem que conheceu na internet. A criança foi encontrada dias depois e devolvida ao convívio familiar.

A delegada titular do Sicride, Patrícia Nobre da Paz, ressalta que, muitas vezes, o criminoso aproveita que está do outro lado da tela para inventar um personagem e persuadir a vítima, se passando por adolescente ou algum ídolo.

Além de monitorar o tempo na internet, é preciso ficar de olho no comportamento do filho. “A gente redobra o alerta para que pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos, ao tempo e ao conteúdo que acessam na internet, para que a gente não tenha que falar em mais crianças desaparecidas em nosso estado”, afirmou a delegada.

O Paraná teve uma criança desaparecida a cada dois dias no ano passado. O número aumentou 14,5%, se comparado ao ano anterior. Em 2022, foram registrados 182 boletins de ocorrência, enquanto, em 2021, foram 159 comunicados de desaparecimento feitos na Polícia Civil.

A boa notícia é que 100% das ocorrências foram solucionadas em pouco tempo. A delegada faz outra alerta, para que em caso de desaparecimentos de crianças e jovens, as famílias informem o mais rápido possível à polícia. A agilidade faz muita diferença.

Famílias, educadores, autoridades de segurança não podem ignorar que a maioria dos adolescentes e jovens está conectado às redes. A proteção contra as armadilhas da internet passa pela atenção dos pais e principalmente no diálogo frequentemente com os filhos para que eles conheçam os perigos ao navegarem pelo mundo digital.

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