Quando falamos em cidades com problema de mobilidade, logo vem à mente as grandes metrópoles, com congestionamentos gigantescos, ônibus lotados e alto número de acidentes. Mas localidades menores também têm dificuldades de deslocamento, como vem acontecendo com alguns municípios do Norte Pioneiro. Nesse caso o problema é a falta de transporte público.

Imagine morar em uma cidade em que não há ônibus ou qualquer outro tipo regular de transporte público que o leve para outra localidade? É dessa maneira que se sentem muitos paranaenses que viram os municípios onde moram ficarem sem transporte intermunicipal.

Tidas como linhas deficitárias, os trajetos não são mais ofertados há alguns meses em municípios do Norte Pioneiro e não há solução a curto prazo para o problema.

O DER-PR (Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná) explica que “o baixo número de usuários não cobria sequer o custo operacional” e, apesar de ter sido feito um chamamento público, nenhuma empresa se interessou em oferecer o serviço. As linhas em questão são Ribeirão do Pinhal – Bandeirantes, Jacarezinho – Cambará, Joaquim Távora - Ribeirão Claro e Jacarezinho - Ribeirão Claro.

Além da dificuldade de quem precisa do ônibus intermunicipal para ir e voltar do trabalho, escola ou médico, chama a atenção o fato de o Norte Pioneiro ser uma região com cidades turísticas importantes, como é o caso de Ribeirão Claro.

A situação é complicada para quem precisa se deslocar de Jacarezinho a Ribeirão Claro, por exemplo, municípios separados por cerca de 30 quilômetros. Não são poucos os moradores que residem em uma cidade e têm empregos em outra, já que o trajeto é estimado em 50 minutos. Com a falta de ônibus intermunicipal, essas pessoas viram o seu gasto com transporte aumentar.

Professor do Departamento de Transportes da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Garrone Reck lembrou que o tema do transporte intermunicipal é uma questão de interesse público. Para o especialista, uma possível solução seria a criação de um sistema que ofereça serviços com maior frequência e com veículos de menor capacidade - caso das vans, por exemplo. Segundo o professor da UFPR, desde que as normas de segurança sejam seguidas e os veículos sejam adequados, isso não deveria ser um problema.

A falta de acesso ao transporte intermunicipal é uma situação excludente. Por isso, ao pensar em políticas de transporte público, é preciso levar em conta as pessoas que moram ou trabalham em pequenas cidades e suas necessidades de acessibilidade e mobilidade.

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