EDITORIAL: O incentivo ao uso da bicicleta
O comércio de bikes no Brasil atingiu um pico no começo da pandemia, mas vem regredindo desde então
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024
O comércio de bikes no Brasil atingiu um pico no começo da pandemia, mas vem regredindo desde então
Folha de Londrina
Após registrar uma alta de muita relevância no período da pandemia da Covid-19, o mercado brasileiro de bicicletas experimentou uma forte queda em 2022 e 2023. Mas entre os fabricantes e vendedores há esperança de que 2024 os números do setor recuperem um pouco o status de 2019, ano anterior às restrições sanitárias impostas pelo coronavírus.
O comércio de bicicletas no Brasil atingiu um pico no começo da pandemia, mas vem regredindo desde então. É o que mostram dados da Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas), que monitora anualmente as vendas do setor - e espera uma reversão na curva neste ano.
No mundo pré-pandemia, o varejo vendia entre 4 milhões e 4,5 milhões de bicicletas por ano no Brasil, segundo os dados de 2018 e 2019 levantados pela entidade.
Com a emergência sanitária de 2020, no entanto, as bikes surgiram como solução de lazer ao ar livre, exercício físico em tempo de academias fechadas e deslocamento com distanciamento social.
Em 2020, o setor cresceu 50% naquele ano, com as vendas atingindo a casa dos 6 milhões. No ano seguinte, 2021, foram mais 5,8 milhões de unidades novas nas ruas.
A queda começou a ser sentida a partir de 2022, começando com um baque de 35% em relação ao ano anterior e 3,77 milhões de bicicletas vendidas. E, em 2023, outra queda de 15%, com 3,2 milhões de unidades vendidas.
Daniel Guth, diretor-executivo da Aliança Bike, faz uma análise do período: "O mercado como um todo não conseguiu visualizar que aquele patamar de demanda alta não se manteria, imaginamos que seria de forma mais suave", diz.
Ele chama atenção para a "baixa capacidade de reter e fidelizar os ciclistas da pandemia, com pouca ampliação de ciclovias, falta de uso público em parques e poucas políticas de incentivo à bicicleta em todas as suas formas".
Muitas pessoas que compraram bicicletas ou tinham intenção de comprar uma magrela nova acabaram desistindo e voltando às suas rotinas anteriores.
Mas a expectativa da associação é que em 2024 o número de bicicletas vendidas volte a subir e possa alcançar o patamar pré-pandemia. Isso porque a queda vem desacelerando e a cadeia global de suprimentos vem se normalizando, o que permite uma redução de preços. Além disso, lojas têm queimado os estoques para dar lugar a modelos novos, vendendo por vezes abaixo do preço de custo.
O incentivo pelo uso da bicicleta como transporte urbano e opção de lazer e esporte envolve criação de políticas públicas e ações da iniciativa privada.
Ampliar rede de ciclovias, ciclofaixas, bicicletas compartilhadas e bicicletários permanentes nas cidades é uma medida necessária e já bastante debatida. Infelizmente, pouco implementada nos municípios brasileiros.
Reduzir a carga tributária sobre as bicicletas, facilitar o financiamento das mesmas, desenvolver o cicloturismo e ofertar mais áreas de ciclismo esportivo são apenas algumas ações que possam ser tomadas para incentivar a população a utilizar esse meio de transporte, que colabora com a saúde e o bem-estar de seu praticante, ao mesmo tempo em que contribui com a fluidez do trânsito e faz um grande bem ao meio ambiente.
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