Após registrar uma alta de muita relevância no período da pandemia da Covid-19, o mercado brasileiro de bicicletas experimentou uma forte queda em 2022 e 2023. Mas entre os fabricantes e vendedores há esperança de que 2024 os números do setor recuperem um pouco o status de 2019, ano anterior às restrições sanitárias impostas pelo coronavírus.

O comércio de bicicletas no Brasil atingiu um pico no começo da pandemia, mas vem regredindo desde então. É o que mostram dados da Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas), que monitora anualmente as vendas do setor - e espera uma reversão na curva neste ano.

No mundo pré-pandemia, o varejo vendia entre 4 milhões e 4,5 milhões de bicicletas por ano no Brasil, segundo os dados de 2018 e 2019 levantados pela entidade.

Com a emergência sanitária de 2020, no entanto, as bikes surgiram como solução de lazer ao ar livre, exercício físico em tempo de academias fechadas e deslocamento com distanciamento social.

Em 2020, o setor cresceu 50% naquele ano, com as vendas atingindo a casa dos 6 milhões. No ano seguinte, 2021, foram mais 5,8 milhões de unidades novas nas ruas.

A queda começou a ser sentida a partir de 2022, começando com um baque de 35% em relação ao ano anterior e 3,77 milhões de bicicletas vendidas. E, em 2023, outra queda de 15%, com 3,2 milhões de unidades vendidas.

Daniel Guth, diretor-executivo da Aliança Bike, faz uma análise do período: "O mercado como um todo não conseguiu visualizar que aquele patamar de demanda alta não se manteria, imaginamos que seria de forma mais suave", diz.

Ele chama atenção para a "baixa capacidade de reter e fidelizar os ciclistas da pandemia, com pouca ampliação de ciclovias, falta de uso público em parques e poucas políticas de incentivo à bicicleta em todas as suas formas".

Muitas pessoas que compraram bicicletas ou tinham intenção de comprar uma magrela nova acabaram desistindo e voltando às suas rotinas anteriores.

Mas a expectativa da associação é que em 2024 o número de bicicletas vendidas volte a subir e possa alcançar o patamar pré-pandemia. Isso porque a queda vem desacelerando e a cadeia global de suprimentos vem se normalizando, o que permite uma redução de preços. Além disso, lojas têm queimado os estoques para dar lugar a modelos novos, vendendo por vezes abaixo do preço de custo.

O incentivo pelo uso da bicicleta como transporte urbano e opção de lazer e esporte envolve criação de políticas públicas e ações da iniciativa privada.

Ampliar rede de ciclovias, ciclofaixas, bicicletas compartilhadas e bicicletários permanentes nas cidades é uma medida necessária e já bastante debatida. Infelizmente, pouco implementada nos municípios brasileiros.

Reduzir a carga tributária sobre as bicicletas, facilitar o financiamento das mesmas, desenvolver o cicloturismo e ofertar mais áreas de ciclismo esportivo são apenas algumas ações que possam ser tomadas para incentivar a população a utilizar esse meio de transporte, que colabora com a saúde e o bem-estar de seu praticante, ao mesmo tempo em que contribui com a fluidez do trânsito e faz um grande bem ao meio ambiente.

Obrigado por ler a FOLHA!