O fim da exigência do uso de máscaras de proteção e a diminuição forte do número de casos de Covid-19 colocam, para a maioria das pessoas, uma sensação de que tudo caminha para o que era antes. Pena que, para um grupo ainda grande, principalmente de mulheres, há o amargo gosto de que a volta à normalidade passa por conseguir entrar novamente no mercado de trabalho, posto perdido durante os meses críticos do contágio do coronavírus.

Isso porque o peso da rotina doméstica obrigou muitas mulheres a se afastarem do emprego entre 2020 e 2021, em razão da pandemia de Covid-19. Sem o apoio de creches e escolas, que tiveram as atividades suspensas durante a maior parte da crise sanitária, muitas delas foram forçadas a sacrificarem o emprego para cuidar da casa e dos filhos e outras foram dispensadas pelos empregadores. Agora, vencido o período mais crítico da pandemia, a hora de retornar à vida profissional não está sendo fácil para as mães.

Mesmo com os índices de geração de empregos dando sinais de recuperação, mês a mês, é para as trabalhadoras que se impõem os maiores desafios. Foi o que mostrou o Boletim das Mulheres no Mercado de Trabalho, elaborado pelo NPEGen (Núcleo de Pesquisas de Economia e Gênero) da Facamp (Faculdade de Campinas). O estudo apontou aumento da força de trabalho no país no primeiro trimestre de 2022 na comparação com igual período do ano passado. Entre janeiro e março, um total de 4,6 milhões de brasileiros retornaram ao mercado profissional. Desse total, 2,2 milhões eram mulheres e 2,4 milhões eram homens.

“Quando a gente fala em mulheres, o que fez volume na pandemia e o que faz volume no retorno, vão ser as mulheres que estavam em trabalhos que exigiam delas pouca qualificação. As pessoas que têm mais dificuldade de voltar ao mercado de trabalho depois de ficar fora são aquelas que procuram trabalho na sua especialidade”, avaliou a professora de Economia da Facamp e pesquisadora do NPEGen, Daniela Gorayeb.

O desemprego é o lado mais triste da crise econômica quando pensamos no impacto que ele causa na vida das famílias. E se analisarmos as casas chefiadas por mães solos desempregadas, como é o caso da Thamires Rodrigues Silvério Carneiro, entrevistada da Folha de Londrina em reportagem deste fim de semana, fica evidente o desafio da volta ao mercado de trabalho para as mulheres e a necessidade das empresas comprometidas com diversidade agirem, assim como o poder público, para não deixá-las para trás.

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