O século é 21 e o Brasil ainda não conseguiu resolver a questão do analfabetismo. O país vem avançando na erradicação desse problema, mas a passos lentos. A pandemia da Covid-19 e todas as complexidades que a emergência sanitária impôs às famílias, principalmente as dificuldades econômicas, acabou contribuindo para que o país não consiga diminuir de forma efetiva o número de adultos que não sabem ler e escrever.

A Folha de Londrina traz nesta edição de segunda-feira (19) reportagem com adultos que estão vencendo os desafios de ir para a escola e dar os primeiros movimentos para se alfabetizarem.

É o caso do autônomo José Roberto Rodrigues, 49 anos, que há quatro meses se matriculou na EJA (Educação de Jovens e Adultos) e tem frequentado a Escola Municipal Carlos Kraemer, no Jardim Castelo, na zona leste. O motivo para retornar aos bancos escolares é a maior independência.

Rodrigues está gostando da experiência. “Está boa, devagarzinho agora a mente vai abrindo e a gente já está indo, soletrando, e é gostoso a gente estudar, aprender pelo menos o básico.”

A realidade de Rodrigues é a mesma de milhões de brasileiros com mais de 15 anos que não foram alfabetizados. Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgados recentemente pelo IBGE, a taxa de analfabetismo no país caiu de 6,1%, em 2019, para 5,6%, em 2022. No entanto, ainda está longe de atingir a erradicação em 2024, que é uma das metas do PNE (Plano Nacional de Educação).

Segundo a pesquisa, o índice está na casa de 3,9% no Paraná, o maior percentual da Região Sul. São Paulo (2,2%), Santa Catarina (2,2%), Rio de Janeiro (2,1%) e Distrito Federal (1,9%) têm as menores taxas do país, ao passo que Piauí (14,8%), Alagoas (14,4%) e Paraíba (13,6%) têm as maiores.

A EJA tem papel importante no combate ao analfabetismo. A prioridade é justamente esse trabalho de alfabetização de jovens e adultos, e o corpo docente é qualificado para isso.

Alfabetizar jovens e adultos não é uma tarefa simples. Um corpo docente preparado é extremamente importante, assim como o apoio do Estado, com o financiamento de programas como o EJA.

A educação é um direito constitucional do brasileiro e é dever do Estado oferecê-la aos homens e mulheres de todas as idades. O caso de José Roberto Rodrigues é um entre milhões que não conseguiram frequentar a escola na idade certa, quando eram crianças, por problemas econômicos.

O êxito da erradicação do analfabetismo depende de uma mobilização nacional. O Brasil precisa urgentemente implantar políticas públicas que permitam o sucesso de programas educacionais para adultos, caso contrário continuaremos atrasos em relação a outros países.

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