A diferença entre a população brasileira apontada pelo Censo 2022 (203 milhões) e a estimativa anterior (215 milhões) prevista pelo IBGE tem mais implicações do que parece.

Em reportagem publicada nesta segunda-feira (10), a Folha de Londrina aborda alguns impactos dessa diferença para o mundo do trabalho e também para a taxa de desemprego. A diferença entre previsão e realidade é da ordem de 11 milhões de pessoas a menos, uma diferença de mais de 5% em relação à Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, na revisão da estatística, o país ficou mais rico (aumentou o PIB per capita), embora, claro, o número de pessoas dormindo nas calçadas ou sem comida e salários decentes continue na mesma.

Ainda segundo especialistas, os números do Censo devem provocar revisões da taxa de participação na força de trabalho. Essa taxa é feita a partir da proporção de pessoas ocupadas ou procurando trabalho em relação à população total em idade de trabalhar - mais de 14 anos, na estatística do IBGE, que é o órgão do governo federal responsável pelo Censo.

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Com isso, pode vir a acontecer também uma revisão na taxa de desemprego. Ainda é preciso esperar outros dados do Censo, como população por faixa de idade. Mas de uma maneira prévia, é possível cogitar que a situação do emprego é, quantitativamente, melhor: há proporcionalmente mais gente trabalhando.

É fato que o Brasil está passando por processo de inversão da pirâmide etária da população, fenômeno que já era esperado. Com isso há uma tendência irreversível de envelhecimento da força de trabalho, como aconteceu em muitos países na Europa e na Ásia.

Especialistas colocam que a diminuição populacional do Brasil mostrada pelo Censo antes do previsto deve antecipar algo que o país não esperava a curto prazo: a necessidade de mão de obra imigrante, em especial com mais qualificação, se a economia voltar a crescer.

É importantíssimo que o governo brasileiro comece a pensar na inversão da pirâmide etária e sua implicação no futuro do trabalho, por meio de uma política de Estado. E buscar soluções para o problema de mão de obra qualificada nos mais variados setores, criando ações em conjunto com a iniciativa privada e instituições de ensino. Qualificar e muitas vezes requalificar devem ser a palavra de ordem.

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