Na semana passada, duas notícias sobre violência contra a mulher chamaram a atenção no Paraná. Em Guarapuava, no Centro-Sul do Estado, um homem de 35 anos foi preso na segunda-feira (27), suspeito de tentativa de feminicídio.

A mulher dele, de 39 anos, foi baleada na perna e o vídeo de câmeras de segurança da casa mostrou que o tiro foi disparado pelo marido, em frente de uma criança, filha do casal. Segundo a Polícia Civil de Guarapuava, em 2022 o suspeito chegou a ser preso por ter agredido a mesma mulher. À época, ela optou por não solicitar a medida protetiva.

Em Londrina, imagens de uma câmera de segurança de um posto de gasolina causaram comoção ao mostrar um homem agredindo violentamente a ex-namorada, supostamente por ela não ter concordado em retomar o relacionamento. Os funcionários do estabelecimento, que socorreram a moça, chamaram a Polícia Militar e o agressor foi preso. Os dois casos, segundo a polícia, configurou tentativa de feminicídio.

As câmeras de segurança instaladas em ruas, estabelecimentos comerciais e propriedades privadas ajudam a revelar um cenário preocupante, corroborado há poucos dias pela divulgação de uma pesquisa realizada pelo Data Folha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo o estudo, todas as formas de violência contra a mulher aumentaram no Brasil em 2022, incluindo desde vítimas de xingamentos e ameaças até aquelas que foram esfaqueadas ou alvo de tiros.

A pesquisa, chamada "Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil", dá conta de que 50.692 mulheres sofreram violência diariamente em 2022.

A prevalência da violência ao longo da vida é maior entre mulheres pretas (48%), com grau de escolaridade até o ensino fundamental (49%), com filhos (44,4%), divorciadas (65,3%) e na faixa etária de 25 a 34 anos (48,9%). No geral da população esse número é de 33,4%.

Entre os índices que medem a violência contra a mulher, houve uma piora em todos os aspectos, seja tiro ou esfaqueamento, ameaça com arma de fogo ou faca, espancamento ou tentativa de estrangulamento até insultos, humilhação ou xingamento.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública., um dos motivos que explicam a piora do cenário é a queda do financiamento de projetos ligados ao acolhimento das mulheres em situação de violência. O Instituto de Estudos Socioeconômicos apontou que o orçamento federal para combater a violência contra a mulher em 2022 foi o menor dos últimos quatro anos.

Tomando como base a falta de financiamento, o caminho a seguir é bem claro. O Brasil precisa de políticas públicas eficientes para o enfrentamento da violência contra a mulher, que envolvam desde ações educativas e preventivas, passando pelo acolhimento das vítimas até a punição para os agressores.

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