EDITORIAL: `Nearshoring´, a oportunidade para a indústria do PR
PUBLICAÇÃO
sábado, 11 de fevereiro de 2023
Folha de Londrina
Você sabe o que é "nearshoring" e porque esse tema ganhou espaço após a pandemia da Covid-19? O assunto é o mote da reportagem da Folha de Londrina que trata de oportunidades para empresas que desejam fazer o processo da interiorização e para os municípios que esperam ampliar seu parque industrial. Mas como não poderia deixar de ser, o jornal também fala das dificuldades do setor econômico nesse processo de aproximar as cadeias produtivas.
"Nearshoring" consiste em trazer parte ou toda a cadeia de fornecimento para uma localização mais próxima de uma indústria. Pode até ser em um país vizinho. A necessidade se mostrou a partir da pandemia da Covid-19, que expôs os perigos da centralização da produção na Ásia, e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que traz em sua esteira disputas geopolíticas entre ocidente e oriente.
A FOLHA trouxe o exemplo da Superbac, a mais moderna biofábrica da América Latina, localizada à margem da PR-444, em Mandaguari, município de localização estratégica no eixo Londrina-Maringá. Com sede em Cotia, na Grande São Paulo, ela atua há 26 anos no ramo de biotecnologia e há sete anos entrou no segmento do agronegócio, o que culminou com a inauguração da planta de Mandaguari, em outubro de 2021.
O exemplo da Superbac, no entanto, é uma realidade ainda distante para muitas indústrias brasileiras. Com inflação em alta, juros elevados e incertezas nas políticas públicas para o setor, a capacidade de investimento fica comprometida, o que impacta diretamente na competitividade. Em tempos de inteligência artificial e internet das coisas, se adequar à Indústria 4.0 é quase uma questão de sobrevivência.
Especialistas da área ouvidos pela FOLHA são taxativos em afirmar que o momento oferece oportunidades para a indústria brasileira. Porém, para o Brasil se beneficiar com essa reconfiguração do mapa da cadeia produtiva global, é necessário eliminar seus principais gargalos. A modernização do parque industrial é uma destas condições elementares ao se analisar a demanda americana ou europeia. No entanto, o alto custo para novos investimentos e a dificuldade de acesso ao crédito é um entrave. Também pesa a insegurança em relação ao cenário econômico.
As fontes ouvidas pela FOLHA colocam também como complicadores a alta taxa de juros, hoje em 13,75%, a falta de clareza nas propostas das políticas econômicas do governo federal, a necessidade de uma simplificação no sistema tributário brasileiro, que virá com a tão prometida (e aguardada) reforma tributária e melhoria da infraestrutura, incluindo nesse quesito a diversificação de modais de transporte, com atenção principalmente para o ferroviário.
"Nenhum país se industrializa transportando a matéria-prima e seu produto acabado por rodovia”, critica o economista, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e colunista da FOLHA, Marcos Rambalducci.
A FOLHA tem tratado sobre a necessidade da diversificação de modais de transporte em reportagens e editoriais há muito tempo. Infelizmente, o brasileiro costuma se lembrar dessa deficiência quando ocorrem paralisações de caminhoneiros ou outros problemas em rodovias.
Lembrando que investir em novos modais requer muito tempo. É preciso considerar que a hora de planejar e investir é agora.
Obrigado por ler a FOLHA!

