O número de vidas perdidas para a dengue em Londrina disparou no período de um ano e preocupa autoridades da área de saúde. Se na segunda semana de abril de 2023 a secretaria municipal de Saúde havia contabilizado quatro mortes pela doença, nesta mesma época deste ano já são 20, um aumento de 400% em 12 meses. Entre semana passada e o último boletim, da noite de quarta-feira (10), foram quatro novos registros.

Todas as vítimas estavam internadas e possuíam comorbidades: um homem de 73 anos, que tinha alzheimer; outro de 81, com hipertensão arterial e hipotireoidismo; uma mulher de 37 anos, obesa; e uma jovem de apenas 20 anos, que enfrentava a síndrome de Werdnig-Hoffman. Os falecimentos aconteceram entre os dias 14 e 30 de março, no entanto, foram divulgados agora após estudo das equipes técnicas da pasta e da 17ª Regional de Saúde.

Os casos da doença também tiveram um crescimento significativo entre um ano e outro. Em 13 de abril de 2023 eram 2.738 positivações, enquanto que atualmente são 13.335, uma elevação de 383%. Em menos de quatro meses deste ano são 33.121 notificações, com 7.772 suspeitas descartadas e 12.014 em análise.

No Brasil, Já foram confirmadas 1,292 mortes por causa da dengue, enquanto 1.875 estão sob investigação. O país atingiu 3,1 milhões de casos prováveis de dengue nas 14 primeiras semanas de 2024.

Para o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, Londrina atravessa um “momento de grande tensão”. “Tínhamos a expectativa de que na última semana os dados começassem a diminuir e isso não se concretizou”, afirmou. “Os números ainda são altos e todas ações, enquanto cidadãos, que puderem ser feitas são cruciais, como recolher os lixos (dos quintais), eventuais criadouros, para que saiamos desta tensão”, advertiu.

A média de atendimentos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Sabará, na região oeste, e na UBS (Unidade Básica de Saúde) do Ouro Branco, na sul, é de 2.000 pacientes por dia. As unidades são exclusivas para casos suspeitos ou confirmados da dengue.

Olhar para os altos índices de transmissão é preciso. Mas reduzir os óbitos por dengue precisa ser prioridade neste momento. Priorizar o atendimento de casos graves e até mesmo disponibilizando unidades exclusivas para receber pacientes infectados, como fez Londrina, parece ser a atitude correta.

O controle da dengue não é simples porque envolve uma atuação em várias frentes que dependem de atores diferentes: eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, melhoria do saneamento básico nas cidades, novas tecnologias e vacinação. Não existe uma única saída. Poder público e sociedade precisam atuar juntos.

Obrigado por ler a FOLHA!