O trânsito brasileiro é um dos mais violento do mundo, tanto que no país os acidentes são tratados como um grave problema de saúde. Se fosse diferente, os gastos públicos com essas ocorrências (atendimento de emergência, ocupação de leitos hospitalares, internações e cirurgias) poderiam ser direcionados em medidas preventivas e obras que melhorassem as condições de mobilidade.

Quando pensamos nesse grande número de acidentes de trânsito (a maioria, com certeza, evitável), imaginamos as ruas agitadas e caóticas das cidades, consequência de uma imensa frota de veículos, da pressa de todos os dias.

Mas na última quinta-feira (14), uma pequena comunidade rural de Londrina teve a sua tranquilidade abalada por um grave acidente. No distrito de São Luiz, uma adolescente e quatro crianças que voltavam da escola foram atropeladas. Quatro perderam a vida.

Elas foram atropeladas na PR-538, por uma Kombi, enquanto caminhavam pela margem da rodovia e num trecho com uma leve curva, onde não tem calçada.

Duas irmãs, de seis e 11 anos, morreram na hora. Um garoto de sete anos também perdeu a vida no local e o irmão gêmeo dele foi socorrido em estado gravíssimo, com traumatismo craniano, mas foi a óbito após dar entrada no HU (Hospital Universitário). A irmã mais velha dos meninos, que tem 15 anos, não se machucou.

O motorista da Kombi, de 73 anos, foi preso após o acidente e liberado na sexta-feira (15) depois de passar por audiência de custódia. À polícia, o idoso alegou que teria perdido o controle ao ter a visão prejudicada pelo sol e com a lama que estava na beirada da pista. O teste do bafômetro deu negativo para a presença de bebida alcoólica.

Diante da complexidade de uma tragédia como a ocorrida na pequena São Luiz, com cerca de 1.500 moradores e distante 35 quilômetros do centro de Londrina, a única certeza é a da necessidade urgente de mais políticas públicas que aumentem a segurança em nossas ruas e rodovias. A começar por mudanças no padrão de carrocracia de nossas cidades, pensada mais para os carros do que para os pedestres e ciclistas.

Muitas vezes, as mortes no trânsito são vistas como inevitáveis, como se ao colocar os pés para fora de casa fosse normal estarmos sob o risco de morrer em um colisão ou atropelamento. Mas não precisa ser assim. As ruas têm que ser seguras para todas as pessoas que circulam por ela. Motoristas, pedestres, ciclistas, motociclistas, skatistas devem aprender como se proteger e saber como proteger os outros que compartilham esse espaço de convivência.

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