Estudiosos do clima vêm manifestando diferentes opiniões nos veículos de imprensa e redes sociais sobre a influência das mudanças climáticas no temporal que atingiu o Litoral Norte de São Paulo no último fim de semana e deixou mortos, feridos, desabrigados e um rastro de destruição.

Mas é fato que a cidade de São Sebastião e Bertioga sofreram um evento extremo de chuva, que acumularam mais de 600 mm de precipitações. É como se chovesse dois meses em um dia.

Para entender, basta lembrar que o índice pluviométrico refere-se à quantidade de chuva por metro quadrado em determinado local e período. Nesse cálculo, 1 mm de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado. No caso do Litoral Norte de São Paulo, podemos dizer que choveu 600 litros de água para cada metro quadrado. Em volume de chuvas, foi uma das maiores tempestades já vistas no Brasil.

Embora meteorologistas tenham entendimento diferente sobre a participação das mudanças climáticas na tragédia em São Sebastião, há que se pensar se hoje é possível separar a ocorrência de um evento climático extrema das mudanças nos padrões de temperatura que o planeta vem apresentando.

Há muito vem se falando dos prejuízos dos eventos climáticos extremos para diversas áreas, que parecem vem se tornando bastante frequentes. Longos períodos de chuvas, secas prolongadas, incêndios florestais, altas temperaturas, geadas severas e nevascas intensas são exemplos dessas manifestações que por vezes acabam em tragédias, mortes, destruição e prejuízos econômicos.

É o caso do Norte do Paraná, onde as chuvas prolongadas das últimas semanas vêm preocupando os agricultores. Com uma parte da soja já em fase de maturação, os produtores da região esperam só uma trégua no tempo instável para entrar com o maquinário no campo e iniciar a colheita.

Agricultores que não sofreram com a falta nem com a abundância de chuva em nenhuma das fases da cultura, agora, na reta final, temem o excesso de umidade que além de atrasar a retirada dos grãos do solo, propicia o surgimento de pragas e ainda pode prejudicar o início da cultura do milho safrinha. Sem falar que se continuar chovendo muito, a produtividade também poderá ser afetada.

Produtores ouvidos pela FOLHA disseram que além dessa preocupação com o início da colheita, já é certo que, com o excesso de umidade, houve um aumento no custo da produção. O tempo úmido com menos períodos de sol é cenário propício para aparecimento das doenças, levando a um gasto maior com fungicidas.

Todos que trabalham no campo sabem que o clima é um dos fatores de risco da atividade, muitas vezes surpreendendo a capacidade de administração dos produtores. Sempre foi assim. O problema é quando os eventos climáticos extremos se tornam mais comuns, acendendo um alerta que não pode mais ser ignorado.

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