Conquistar uma vaga no mercado de trabalho é um desafio para muitos brasileiros, realidade que pode ser ainda mais complexa para quem tem deficiência auditiva. No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) calcula que 5% da população é surda (cerca de 10 milhões de pessoas), sendo que uma parte delas usa a Libras como forma de se comunicarem.

E é justamente pela dificuldade de comunicação que muitas pessoas surdas desistem dos empregos formais. Um dos principais problemas para o não ouvinte no ambiente de trabalho é conseguir se comunicar com colegas não-surdos.

Em Londrina há iniciativas de empresas que buscam fazer a diferença para os funcionários surdos e a FOLHA traz dois exemplos na edição desta segunda-feira (3). Com deficientes auditivos no quadro de funcionários, elas começaram o treinamento de colaboradores não surdos para se comunicarem em Libras e, assim, proporcionar uma maior integração entre todos os colegas de trabalho.

Em uma delas, o treinamento teve início no dia 13 de junho e prossegue até o final de agosto. As aulas são duas vezes por semana, em três horários diferentes, atendendo a três turmas, num total de 75 alunos.

“A comunicação já facilitou muito. Os meus dias estão mais felizes por ver mais colaboradores me cumprimentando em Libras. Um simples ‘bom dia, tudo bem?’ em Libras já faz uma extrema diferença nas nossas vidas”, comemora a assistente de administração pessoal Carolina Fernandes Corrêa.

De acordo com o artigo 93 da Lei 8213/91, toda empresa com 100 ou mais empregados é obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários ou pessoas com qualquer tipo de deficiência.

Quanto aos surdos, a legislação brasileira obriga que programas políticos, jornalísticos, educativos e informativos façam uso da janela intérprete de Libras. As televisões devem disponibilizar a opção Closed Caption, um sistema que funciona como uma legenda.

De acordo com o Decreto 7.611, de 2011, toda a pessoa surda tem direito à educação especializada, chamada também de AEE (Atendimento Educacional Especializado), em que o aluno terá o reforço da língua portuguesa, mais aulas de Libras e demais habilidades que o auxiliarão dentro do ambiente escolar.

Em agosto de 2021, o governo federal sancionou a lei que inclui a educação bilíngue de surdos na LDB (Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) como uma modalidade de ensino. Com isso, as escolas podem passar a oferecer a linguagem de Libras como primeira opção para alunos surdos, surdo-cegos e deficientes.

As iniciativas das empresas e instituições públicas em proporcionar aulas de Libras para que todos os seus colaboradores possam se comunicar é uma forma importante também de combater o capacitismo no ambiente de trabalho.

É um modo de conscientização e de mostrar que mais do que cumprir a Lei das Cotas, é preciso trabalhar por acessibilidade de verdade e uma real inclusão.

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