Em muitos países, falar sobre morte pode ser um tabu. Há alguns anos, uma pesquisa encomendada pelo sindicato que representa cemitérios e crematórios particulares do país apontava que 73% dos brasileiros evitavam falar sobre o fim da vida.

Um índice chamava atenção: 82,4% dos brasileiros achavam que não havia nada mais sofrido que a dor da perda de alguém e 79% achavam que nunca era a hora certa. E 10% dos entrevistados acreditavam que falar sobre a morte acaba atraindo o "azar de morrer".

Mas se o ditado popular está aí pra lembrar que "a morte é a única certeza da vida", o dia de hoje (2) , feriado de Finados, convida a refletir sobre o inevitável. A vida é finita, o corpo envelhece, adoece, perece. Então como vivermos felizes, saudáveis e espalhando o bem ao nosso redor?

É da finitude da vida que vem o termo “finado”. Assim, o Dia dos Mortos ou Dia de Finados foi criado para homenagear aqueles que já se foram. No Brasil, a data sempre foi celebrada, até mesmo por conta da nossa forte tradição católica. Mas só se tornou feriado nacional oficialmente em 19 de dezembro de 2002, instituído pela Lei nº 10.607, sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

A tradição de visitar as sepulturas dos entes queridos, levar flores aos cemitérios e acender velas é muito forte no Brasil. Durante toda a semana, os cemitérios de Londrina registraram um aumento no número de visitantes e nesta quarta, feriado, a movimentação deve ser ainda maior.

Mesmo com chuva e a temperatura mais amena, a Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina) estima que 150 mil pessoas devem visitar os 13 cemitérios municipais nesta quarta. Entre os pontos com maior movimentação estão os cemitérios municipais Jardim da Saudade (zona norte), São Paulo (zona leste) e São Pedro.

Neste ano, com o fim das restrições da pandemia da Covid-19, a visitação deve ser ainda maior. Muitas pessoas que, nesta data, em 2020 e 2021, não puderam prestar homenagem aos familiares, deverão fazê-lo agora.

Tanto que o comércio ambulante começou a sentir o aumento de vendas nas proximidades dos cemitérios durante os últimos dias. Um comerciante de flores entrevistado pela FOLHA disse esperar um incremento de 30% nas vendas em relação a outros dias.

Independentemente da religião e tradição familiar, os acontecimentos desta semana, marcada por eleições, protestos e confusões em estradas, pedem um dia de paz. Talvez, hoje, seja a hora de refletir não propriamente sobre morte, mas sobre a beleza de estar vivo.

A FOLHA deseja um feriado tranquilo aos seus leitores