A temperatura agradável durante o último fim de semana (3 e 4), o céu azul e límpido e o verde do gramado e das árvores do Lago Igapó formaram a atmosfera e o cenário perfeitos para uma atividade inédita na área urbana de Londrina: a primeira edição dos Jogos Indígenas.

Eles aconteceram no Aterro do Igapó, onde o espaço cercado pelo concreto de prédios altíssimos conviveu em paz e em festa com a tradição dos povos originários. Dezenas de indígenas das etnias caingangue e guarani participaram do evento, que atraiu o público da cidade e região.

A programação contemplou 10 modalidades que, disputadas por homens e mulheres, foram do arco e flecha até a corrida de tora. Esse tipo de torneio não é uma novidade para os indígenas paranaenses. Mas poucas vezes eles acontecem em áreas urbanas, como a região central de Londrina.

“A gente procura, através desses jogos, trazer a juventude, as crianças [da terra indígena]. A gente briga, no bom sentido, para nossa educação evoluir dentro das nossas comunidades, para que não percam a cultura, sua língua materna", afirmou à reportagem da FOLHA o vice-cacique da Terra Indígena Laranjinha, Valdecir Mendes Rodrigues.

Agora, a expectativa é de que o evento seja replicado em mais cidades do Paraná, abarcando outras comunidades originárias do estado e torne-se anual em Londrina, como comentou à FOLHA o secretário de Cultura do município, Bernardo Pellegrini.

Extremamente importante por dar visibilidade aos povos indígenas, o torneio do último fim de semana contou com R$ 40 mil oriundos do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) e foi construído por muitas mãos: realizado pelo Vãre – Centro de Referência, Memória e Cultura Indígena Kaingang, e da produtora cultural PÁ! Artística, além de contar com o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), patrocínio da Copel, Sanepar e das secretarias estaduais da Mulher e Igualdade Racial e do Esporte.

A visibilidade que comentamos acima ganhou um aspecto institucional importantíssimo no começo do ano com a escolha de mulheres e homens indígenas para órgãos do Poder Executivo, como o Ministério dos Povos Indígenas, criado em 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Extremamente interessante perceber o quanto esses eventos, como os jogos esportivos realizadas no Aterro do Igapó, são importantes para mostrar que os indígenas existem nas aldeias, nas cidades, no Paraná e na Amazônia, exercendo os mais variados papéis e ofícios pela sobrevivência do seu povo e da sua cultura.

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