EDITORIAL: Eleições com número menor de candidatos
A qualificação dos quadros partidários e dos possíveis candidatos pode ser uma consequência positiva
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quinta-feira, 22 de agosto de 2024
A qualificação dos quadros partidários e dos possíveis candidatos pode ser uma consequência positiva
Folha de Londrina
A redução do número de candidatos a vereador nas eleições deste ano, em muitas cidades brasileiras, é uma novidade que carrega consigo muitas implicações, tanto positivas quanto negativas. Em Londrina, 342 candidatos disputam uma das 19 cadeiras da Câmara Municipal, número 40% menor que em 2020, quando 571 nomes concorreram ao Legislativo.
Esta é a segunda eleição municipal sem a possibilidade de coligação na proporcional, e a primeira após as regras aprovadas em 2021, que diminuíram o tamanho das chapas para o total de cadeiras das Câmaras mais um. Em Londrina, são até 20 nomes por partido ou federação.
Outra particularidade das eleições em Londrina é que houve aumento significativo do eleitorado do municípios nos últimos quatro anos - eram 376.073 eleitores aptos a votar em 2020, e são 399.855 neste ano. Ou seja, enquanto os eleitores aumentam, os candidatos diminuem.
Em entrevista à FOLHA, o professor e advogado eleitoral Nilso Paulo da Silva disse que as regras atuais trazem vantagens e desvantagens para os partidos políticos. Por um lado, oportunizam que as legendas se organizem e se fortaleçam, considerando que precisam concorrer isoladas. A qualificação dos quadros partidários e dos possíveis candidatos também pode ser uma consequência positiva.
“Mas, com a redução do número de candidatos, você precisa ter um número maior de votos. A desvantagem é o desafio que o partido tem internamente para buscar votos”, acrescentou. A estimativa é que, para conquistar uma cadeira, a chapa precisa de pelo menos 16 mil votos e o candidato mais votado precisa ter pelo menos 10% do quociente, ou seja, 1,6 mil votos. "Com 32 mil votos, são duas vagas, e assim sucessivamente para todos os partidos."
Se ainda tiverem vagas a serem ocupadas, entram em cena as sobras. "Na distribuição das sobras, todos os partidos que tiverem 80% do quociente eleitoral [cerca de 13 mil votos], poderão participar", aponta o professor. Nesta fase, o desempenho individual sobe para 20% do quociente. "Esse é o grande desafio nesta eleição, o candidato tem que mirar 3,2 mil votos." Se ainda existirem sobras, na terceira fase de distribuição participam todos os partidos. "O mais votado está eleito, passa a ser uma eleição majoritária."
Outra questão é em relação à representatividade, pois a redução do número de postulantes ao cargo de vereador pode limitar a diversidade de vozes e a capacidade dos eleitores de encontrarem candidatos que o representam diretamente, diminuindo a conexão entre cidadãos e política.
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