EDITORIAL: Desigualdade racial
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terça-feira, 21 de março de 2023
Folha de Londrina
Um país grande, com tanta diversidade e maioria da população negra (conforme dados do IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é difícil entender por que o Brasil apresenta níveis tão elevados de discriminação racial. É justamente para promover a reflexão sobre isso que 21 de março foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) como Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
A escolha da data faz uma referência ao 21 de março de 1960, quando na África do Sul, 20 mil negros protestaram contra uma lei que limitava os lugares por onde eles podiam circular. A manifestação acabou em tragédia, após tropas do exército atirarem contra a multidão, deixando 69 pessoas mortas e 186 feridas. O episódio ficou conhecido como o massacre de Shaperville.
Avanços têm ocorrido em muitos países na busca por igualdade racial. No Brasil, nas últimas décadas, indicadores socioeconômicos mostram o impacto de políticas públicas com resultados positivos no sentido de diminuir a desigualdade e combater o racismo. Mas o desafio ainda é enorme.
No dia 12 de janeiro deste ano, mais um importante degrau foi superado no caminho para aproximar a realidade de negros e brancos. O Diário Oficial da União trouxe publicado a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Lei 14.532, de 2023, que tipifica como crime de racismo a injúria racial, com a pena aumentada de um a três anos para de dois a cinco anos de reclusão. Enquanto o racismo é entendido como um crime contra a coletividade, a injúria é direcionada ao indivíduo.
Nesta terça, no Brasil, o 21 de março será lembrado em muitas cidades. Em Brasília, no Palácio do Planalto, um evento às 15 horas deve marcar o anúncio de algumas iniciativas de governo contra o racismo, lembrando que nesta data também se comemora o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas.
Quando esteve nos Estados Unidos, Lula e o presidente americano, Joe Biden, se comprometeram em revitalizar o Plano de Ação Conjunta Brasil-Estados Unidos para a Eliminação da Discriminação Étnico-Racial e Promoção da Igualdade em ambos os países.
Londrina também terá homenagens. A UEL (Universidade Estadual de Londrina) lança a campanha “UEL na Luta Contra o Racismo”, que tem como objetivo promover ações estratégicas e permanentes de enfrentamento e combate à discriminação racial.
A luta antirracista é construída dia a dia com esforços individuais e coletivos. E a simbologia do 21 de março é simbólico e nos lembra que todos têm responsabilidade no enfrentamento do racismo estrutural, perpetuado no Brasil e em muitos outros países de maneira econômica, cultural, política e social.
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