O Brasil teve uma deflação em junho. Ela foi de 0,08% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é a primeira vez que o índice oficial de inflação fica negativo em nove meses.

Com esse anúncio, o mercado já começou a considerar a possibilidade de a inflação oficial voltar a encerrar o ano dentro da meta —o centro da meta para o ano é de 3,25%, com uma banda de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Ou seja, o indicador pode variar de 1,75% (piso da meta) a 4,75% (teto da meta). No acumulado dos 12 meses encerrados em junho, a inflação está em 3,16%. Nos últimos dois anos, a inflação ficou acima da meta: em 2022, a alta de preços medida pelo IPCA fechou o ano com ganho acumulado de 5,79%, ante a meta de 3,5%; em 2021, foi de 10,06%, contra a meta de 3,75%.

Quatro, dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA tiveram queda em junho. Os destaques, segundo o IBGE, ficaram para os grupos de alimentação e bebidas (-0,66%) e transportes (-0,41%).

A queda de alimentação e bebidas está associada principalmente ao recuo dos preços da alimentação no domicílio (-1,07%), com destaque para o óleo de soja, frutas, leite longa vida e carnes.

Economistas esperavam uma queda no preço dos alimentos devido às baixas nos preços no atacado e da oferta maior de produtos em 2023. No ano passado, a produção foi prejudicada por questões climáticas.

No grupo dos transportes, a deflação teve influência do recuo dos automóveis novos (-2,76%) e dos automóveis usados (-0,93%), influenciado pelo programa do governo federal para descontos em carros populares. O recuo no preço dos combustíveis, em junho, também foi destacado pelo IBGE.

A pergunta que não quer calar, hoje, é em relação à taxa de juros. Para analistas econômicos, a deflação de junho é um fator favorável para corte na Selic.

Considerando que o objetivo do Banco Central, ao elevar os juros, é conter a inflação, tudo indica que estamos em um ambiente propício para reduzir a Selic, o que seria bom para a população e para as empresas, que se tornarão mais atraentes a investidores estrangeiros.

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