O curto período de tempo que separou o ataque a uma escola estadual de Suzano, em São Paulo, ao massacre em uma creche em Blumenau, Santa Catarina, causaram medo e horror em todo o país e, para o espanto da sociedade em geral, foi possível perceber declarações (nas redes e fora delas) cultuando massacres e seus atores. E como não poderia deixar de ser, o questionamento feito por quem assistia às declarações radicais era quem investiga as redes e o que as autoridades estavam fazendo para quebrar esse padrão.

No final de semana, o Ministério da Justiça e Segurança Pública solicitou a exclusão de 270 contas do Twitter que veiculavam hashtags relacionadas a ataques contra escolas de todo o país. As hashtags são palavras-chaves que vêm antecedidas pelo símbolo cerquilha (#). Elas têm como objetivo se associarem a uma informação ou discussão que se deseja indexar de forma explícita em aplicativos, como Twitter e Facebook.

Essa medida feita pelo Ministério da Justiça foi divulgada no domingo (9) e segundo a pasta, tanto conteúdos como autores estão sob investigação. Foram cumpridos também mandados de busca, resultando na apreensão de sete armas e um suspeito foi preso. O ministério pediu ainda que a plataforma Tik Tok retire do ar duas contas que estavam transmitindo conteúdo que incitava medo nas famílias.

Um professor de uma escola pública de Joinville, em Santa Catarina, foi afastado de suas funções após se manifestar em sala de aula apoiando o ataque. Ele é suspeito de apologia ao crime e está proibido de se aproximar dos alunos.

É muito triste que diante da dor de famílias que perderam seus entes queridos ainda surjam pessoas tripudiando e fazendo comentários enaltecendo os ataques, como se esses apoios não fossem também crimes.

Na semana passada, veículos de imprensa de todo o país, entre eles a Folha de Londrina e o Bonde, mudaram a forma de noticiar ataques a escolas, não divulgando fotos, nomes e vídeos dos acusados. Essas medidas são recomendadas por especialistas e instituições no sentido de evitar o chamado efeito contágio, quando a ação pode disseminar outros atos violentos - seus atores estão em busca de notoriedade e pertencimento a grupos violentos e radicais.

Enquanto especialistas em educação, saúde mental e segurança buscam ações coordenadas que possam frear no país o avanço desse tipo de ataques, as comunidades escolares tentam tocar a vida da melhor maneira possível. Nesta segunda-feira (10), em Londrina, agentes da Guarda Municipal receberam pais e alunos dentro das unidades de ensino.

Mesmo estando muito distante do local dos últimos ataques, a Secretaria Municipal de Ensino de Londrina suspendeu as aulas na última quinta-feira (6), a fim de tranquilizar alunos e familiares que ficaram abalados com a morte das quatro crianças na creche catarinense.

Essa presença da guarda será mais intensa nesta semana, mas a prefeitura espera que todos estejam atentos a qualquer atitude suspeita, incluindo diretores, coordenadores, professores e famílias. O problema é que há um leque grande de atitudes suspeitas. É preciso orientar as famílias e professores sobre como reconhecer esses comportamentos, os mais comuns relacionados a situações de bullying, além de declarações de apologia à violência, manifestações radicais em redes sociais, discriminações, intimidações, agressões físicas, verbais e psicológica, isolamento social. E, diante desses sinais, o mais importante é não negligenciar e nem ignorá-los.

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