EDITORIAL: A vacina contra a dengue
O imunizante já está sendo comercializado em clínicas privadas de vacinação e em redes de farmácias de Londrina
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 07 de julho de 2023
O imunizante já está sendo comercializado em clínicas privadas de vacinação e em redes de farmácias de Londrina
O Brasil, país onde a dengue é endêmica e até o dia 23 de maio deste ano já somava 503 mortes pela doença, tem a partir de agora uma nova arma contra esse mal transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Trata-se de uma vacina, a Qdenga, produzida pelo laboratório Takeda, do Japão, e aprovada em março pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Para se ter uma ideia da gravidade da dengue neste ano de 2023, basta comparar que nos 12 meses de 2022, a doença causou 1.017 mortes no país. Desde a década de 1980, o Brasil não atingia esse número.
Em Londrina, de janeiro até quinta-feira (6), a dengue havia feito 29 vítimas fatais. Até o dia 29 de maio, o município havia registrado 59.880 notificações por suspeita da doença, das quais 29.060 foram confirmadas e 10.175 foram descartadas.
Sobra a Qdenga, o imunizante já está sendo comercializado em clínicas privadas de vacinação e em redes de farmácias de Londrina. Em reportagem publicada nesta quinta-feira (6), a FOLHA consultou a disponibilidade e os valores em cinco estabelecimentos, sendo que em apenas três há doses da vacina. Os preços variam de R$ 339 a R$ 427.
A vacina pode ser utilizada em pessoas de 4 a 60 anos. É indicada tanto para quem já teve a doença quanto para quem nunca se contaminou. O imunizante é feito com o vírus vivo e atenuado da dengue e protege contra os quatro diferentes tipos da doença. O esquema vacinal é composto por duas doses, sendo que a segunda deve ser administrada três meses após a primeira.
De acordo com o relatório do laboratório Takeda, com base em 19 estudos divididos em três fases, a vacina preveniu 80,2% dos casos de dengue sintomática 12 meses após a vacinação. Por enquanto, a Qdenga não está disponível pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Segundo o Ministério da Saúde, para ser distribuído pelo sistema público, o imunizante precisa passar pela análise da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias), o que ainda não aconteceu. Hoje apenas quem pode pagar quase R$ 1 mil pelas duas doses terá acesso ao imunizante.
Mas será que a Qdenga pode representar, no Brasil, o fim de sucessivas epidemias de dengue? Considerando o alto custo do esquema vacinal, será difícil alcançar essa meta a curto prazo. Mas é claro que a vacina feita no Japão representa uma nova fase no combate à doença. Mas o controle da proliferação do Aedes aepypti ainda é a melhor arma.
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