A maneira como cada sociedade, seja um país, estado ou um município, lida com suas crianças demonstra os cuidados que essa sociedade tem com a infância.

Ao longo da história, o modo como esses cuidados foram aplicados mudou bastante. Por muito tempo, nos países ocidentais, as mães e outras mulheres dos núcleos familiares eram encarregadas da saúde, educação e bem-estar das crianças.

As transformações ocorridas na sociedade a partir da Revolução Industrial, no fim do século 18, representou a saída das mulheres para o mercado de trabalho e a vida dos filhos dessas operárias deu uma guinada.

Muitas vezes sem ter com quem ou onde ficar, essas crianças chegavam a trabalhar ao lado de adultos por toda uma jornada e, não raro, em condições insalubres. Reconhecer o perigo dessa situação para a saúde e desenvolvimento das crianças foi o primeiro avanço para a concepção do que hoje chamamos de creche.

Era preciso que as mulheres tivessem um local seguro para deixar os filhos enquanto trabalhavam. Necessidade que se mantém até hoje, mais de 100 anos depois que o modelo de trabalho incluiu as mães na produção industrial e agrícola.

As creches são destinadas às crianças em seus primeiros anos de vida. Nesses locais deve existir o cuidado com a saúde, alimentação, e também com o desenvolvimento da criança de uma maneira ampla, tanto físico e afetivo, quanto intelectual.

Ao longo dos anos, a falta de vagas em creches públicas é uma das principais preocupações de grande parte das famílias que precisam desse equipamento para que os pais e mães possam trabalhar.

E apesar de ser um direito constitucional das crianças, um levantamento inédito da Defensoria Pública do Paraná aponta para o déficit de 42 mil vagas no Estado. Ao todo, 220 municípios dos 399 responderam os questionamentos da Defensoria.

Entre os locais mais críticos, que passarão a ser acompanhados pela Defensoria com abertura de um procedimento administrativo, além da capital, Curitiba, estão as cidades de Londrina e Arapongas (Região Metropolitana de Londrina), Sarandi (Noroeste) Cascavel (Oeste), Paranaguá (Litoral) e os municípios da Região Metropolitana de Curitiba: Colombo, Fazenda Rio Grande, Araucária e Pinhais.

O objetivo é que a pesquisa seja atualizada anualmente para acompanhamento da demanda por vagas nas creches paranaenses.

Quando um governante admite a importância de disponibilizar vagas em creches públicas, reconhece também a importância de garantir às mulheres o direito ao trabalho, à autonomia e à independência financeira, assim como distingue o sagrado direito das crianças de terem acesso a uma educação de qualidade.

Obrigado por ler a FOLHA!