Imagine o interior do Paraná nos anos 1920. O cenário em que quase tudo era praticamente mato foi o que encantou o "conde italiano" Francesco Matarazzo, maior industrial brasileiro de todos os tempos. No início daquela década, o imigrante italiano resolveu construir um frigorífico, batizado com o seu sobrenome, em Jaguariaíva, nos Campos Gerais.

A grande produção de suínos existente no estado foi o chamariz para o negócio. Matarazzo chegou a ter a quinta maior fortuna do mundo, ampliando assim o seu império, ‘sucedendo’ o de Dom Pedro II, o qual ele viu ruir em 15 de novembro de 1889, oito anos após sua chegada ao Brasil.

Para iniciar os negócios e, assim, “fazer a América”, Matarazzo trouxe consigo da Itália um carregamento de duas toneladas de banha de porco. A carga, porém, naufragou no Atlântico. Com base no estado de São Paulo, o empresário começou a empreender pela produção de farinha de trigo, que até então era totalmente importada no país. Nos anos seguintes, ampliou a área de atuação para um leque que ia desde alimentos a produtos químicos.

Durante uma viagem de trem com destino a Antonina, no litoral paranaense, Matarazzo força uma parada da composição em frente a uma queda d’água em Jaguariaíva. Segundo historiadores, o faro aguçado para os negócios lhe indicou que a paragem, próxima à transição entre primeiro e segundo planaltos paranaenses, era ideal para abrigar um frigorífico e colocá-lo na concorrência com as multinacionais Swift e Armour, instaladas no país havia pouco tempo.

Eram os tempos do "western brasileiro", com seus sertões bravios e as comitivas de porcadeiros desafiavam todas as adversidades. Os rebanhos de suínos de paulistas e mineiros que se estabeleceram, a partir de 1843, no que é hoje o Norte do Paraná, eram direcionados a abastecer o mercado de São Paulo. As longas viagens se encurtaram quando, nos anos 1920, começa a funcionar o frigorífico Matarazzo em Jaguariaíva, nos Campos Gerais.

Desde o início dos trabalhos na fábrica, marco do pioneirismo da industrialização do interior do Paraná, muitas transformações provocaram uma verdadeira revolução na atividade. Essas transformações são mostradas em reportagem que a FOLHA publica neste fim de semana (10 e 11). As histórias que a FOLHA conta cobrem os extremos do Paraná, em Jaguariaíva, quase na divisa leste com São Paulo; e Toledo, no Oeste paranaense.

São histórias que retratam a força da agroindústria paranaense e debatem também o futuro, com toda a gama de oportunidades e desafios que ele está trazendo.

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