EDITORIAL: A gestão Petrobras e o preço dos combustíveis
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quarta-feira, 17 de maio de 2023
Folha de Londrina
Há quase uma década a Petrobras está no centro da preocupação dos governos federais. Começou em 2014 com as obras superfaturadas que estavam no cerne da Operação Lava Jato e seguiu com a política de contenção de preços da ex-presidente Dilma Rousseff, bastante criticada por segurar aumentos da gasolina, diesel e gás de cozinha para evitar desgastes políticos e econômicos.
Quando assumiu o governo a partir do impeachment de Dilma Rousseff, Michel Temer implantou, em julho de 2017, a política de reajuste dos preços dos combustíveis, batizada de PPI (Preço de Paridade de Importação). O novo modelo previa a aplicação dos preços com base no mercado internacional e as variações de preços poderiam ser até diárias.
Em 2018, a insatisfação dos consumidores, principalmente dos caminhoneiros, culminou na greve da categoria que paralisou o país e gerou prejuízos generalizados. Temer não teve outra alternativa a não ser flexibilizar os reajustes que passaram a ser quinzenais, quando necessários.
O ex-presidente Jair Bolsonaro não poupou questionamentos à política da paridade de preços da Petrobras com o mercado internacional, principalmente quando a Guerra da Ucrânia fez disparar o preço internacional do petróleo, refletindo diretamente nas bombas de combustíveis dos postos brasileiros. Tanto que Bolsonaro mudou várias vezes a direção da estatal.
Os críticos do modelo PPI argumentavam que essa política penalizava muito o consumidor brasileiro pois repassava custos como o transporte dos combustíveis até o país e as volatilidades do mercado internacional de petróleo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um desses críticos e na campanha presidencial prometeu "abrasileirar" os preços dos combustíveis.
Promessa que foi materializada nesta terça-feira (16) com a divulgação da nova política de preços de combustíveis da Petrobras, que deixa de considerar o custo de importação e mira a busca por clientes e oportunidade de venda dos produtos.
A Petrobras não deixará de acompanhar as cotações internacionais do petróleo e seus derivados e diz que os reajustes continuarão sem periodicidade definida, "evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".
A interferência do governo federal na estatal é apontada com preocupação por especialistas e muitos estão sendo cautelosos ao falar das expectativas com a mudança.
A direção da Petrobras anunciou também na terça-feira que o preço da gasolina nas refinarias da estatal vai cair 12,6%, ou R$ 0,40 por litro. O preço do diesel será reduzido em 12,8%, ou R$ 0,44 por litro. Já o preço do gás de cozinha cairá 21,3%, ou R$ 8,97 por botijão de 13 quilos.
É claro que no atual momento econômico, a queda nos preços é tudo o que o consumidor deseja. Principalmente porque o combustível interfere no custo de todos os produtos que precisam ser transportados. Mas a questão é justamente como a estatal vai administrar a volatilidade quando houver a oscilação do preço do petróleo no mercado internacional. Resta a população aguardar os próximos dias e ficar de olho nos valores cobrados pelos postos de combustíveis.
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