O SUS (Sistema Único de Saúde) provou toda a sua importância durante a pandemia da Covid-19, mas os desafios para a construção de uma saúde pública universal de qualidade são colocados à prova diariamente. Um dos principais nós críticos do programa é o tempo de espera para consultas eletivas, exames e cirurgias.

Na última quinta-feira (26), a Secretaria de Saúde de Londrina anunciou que os pacientes agora têm acesso às informações da fila de procedimentos do SUS em uma plataforma on-line. Inicialmente, os dados são referentes a consultas, mas o objetivo é estender também para as cirurgias eletivas.

O titular da pasta, Felippe Machado, explicou que a medida busca qualificar as informações e diminuir o índice de faltas em consultas no sistema público, que hoje é da ordem de 30%. “Todo mundo que aguarda uma consulta médica em qualquer especialidade no SUS consegue fazer a consulta no site da prefeitura e ver como está sua posição na fila, o prazo que tem para realizar esse agendamento e outras informações”, destaca.

Um dos nós críticos que amarram o Sistema Único de Saúde no que diz respeito a consultas e cirurgias eletivas aparecem depois da primeira consulta médica, na Unidade Básica de Saúde. É quando os pacientes são encaminhados para as especialidades.

Hoje, os principais "gargalos" da saúde pública londrinense estão nas áreas de ortopedia de alta complexidade, neuropediatria, psiquiatria e endocrinologia. “Infelizmente, o SUS tem conseguido atrair poucos médicos e algumas especialidades são mais difíceis", disse Machado.

Em uma rápida visita a uma unidade de saúde, a FOLHA encontrou a cozinheira Márcia Regina Alves Guimarães, 54 anos, que está com um desgaste no joelho há vários anos. Ela esperou dois anos por uma consulta com um médico especialista e mais dois anos para a cirurgia. Quando chegou o momento do procedimento, ele não adiantava mais porque o desgaste aumentou e só uma prótese resolveria. Não há previsão de quanto tempo a mulher precisará aguardar pela nova operação.

O drama de Márcia Guimarães não é o único da família. O marido dela, o aposentado Cláudio Augusto Guimarães, 68 anos, também está na fila do SUS e há dois anos espera sua vez de ser consultado por um cardiologista.

Esses tempos longos de espera não são apenas um inconveniente. Eles podem causar sérios agravamentos de saúde que poderiam ser evitados com tratamento precoce.

A falta de médicos especialistas dispostos a trabalharem pelo SUS é uma condição que precisa ser mudada de uma forma estratégica. Todos os anos, o Brasil forma 40 mil médicos (segundo a Associação Médica Brasileira). Como trazê-los para o SUS? Eis a questão que precisa ser respondida.

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