EDITORIAL
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 29 de agosto de 2001
A política de exportação
Não será necessário nenhum esforço de futurologia para vislumbrar que a tendência do Brasil é crescer e desenvolver-se, em face de sua grande extensão territorial e de espaços ainda não preenchidos e explorados, e porque, em todos os setores, quase tudo está ainda por fazer.
Há, de parte da população produtiva, esse anseio de crescimento, e as novas gerações vão surgindo com mais conhecimento e melhor formação, ademais pela necessidade de ocupar os seus próprios espaços.
Mas é certo que o empresariado brasileiro da atualidade ressalvados alguns segmentos que fizeram grandes avanços carece de mais preparo e ainda adota antigos sistemas, custando a adequar-se à denominada globalização e às novas políticas no campo da produção e da comercialização.
O mundo transformou-se na aldeia global vaticinada por McLuan e pegou de surpresa os mais tradicionalistas, de quem já não se espera grandes mudanças. Mas elas inevitavelmente virão com os seus sucessores.
Está nesta linha de raciocínio a afirmação que fez o embaixador do Brasil em Gana, Paulo Américo Wolowski, no 8º Seminário de Comércio Exterior do Paraná, que se realiza em Curitiba. Ele disse que o empresariado brasileiro ainda não está bem preparado para exportar, principalmente para os novos mercados, parecendo ''que chega com medo''.
De sua vez, também o coordenador do Conselho de Comércio Exterior da Associação Comercial do Paraná, Luiz Alberto Paula Cesar, disse que o Brasil não tem uma cultura de exportação. Enfatiza que o empresariado deve ter mais coragem para enfrentar o desafio da exportação e ficar atento, também, aos mercados alternativos.
A classe empresarial, na grande maioria, ainda não conhece as linhas de incentivo que existem para a exportação dos produtos que fabrica. A sugestão dos palestrantes do seminário é que sejam formados consórcios de empresas exportadoras e que se comece a criar a cultura do corporativismo, porque isoladamente o caminho será mais longo e maiores as dificuldades.
O governo federal, pela palavra do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Sérgio Amaral, que acaba de tomar posse, anuncia uma nova política em defesa da empresa nacional e um ''choque de exportações''. O discurso é alentador e faz renascerem as esperanças. Também ele acena para projetos de criação de conglomerados industriais, que agrupem, numa mesma região, todos os elos integrantes das respectivas cadeias produtivas.
Os caminhos apontam para a descentralização e para a formação de consórcios empresariais de exportadores. Porém, exige-se do governo a imediata reforma tributária, que tramita há anos no Congresso, sem a qual todos os discursos governamentais sobre política de exportação se desvanecem.
