EDITORIAL
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 21 de agosto de 2001
A vez da competência
Depois do plebiscito do último domingo, em Londrina, que decidiu pela manutenção da Sercomtel Celular como estatal, resta à empresa manter-se estruturada, buscar a melhoria de seu desempenho e enfrentar a concorrência. Se até hoje ela vinha disputando mercado apenas com a Global Telecom, agora deverá preparar-se para a vinda da Telecom Itália Móbile (TIM), que operará no Paraná a partir de janeiro do ano que vem, atuando na Banda D. Essa empresa italiana era, justamente, a única interessada na compra da Sercomtel Celular, pois passaria a operar na Banda A.
O apelo do prefeito Nedson Micheleti para que, agora, os londrinenses passem a dar preferência à empresa local, é válido e faz parte da estratégia de marketing e da livre concorrência. Mas é certo que a Sercomtel Celular irá enfrentar a presença de uma nova concorrente, que certamente chegará com agressiva campanha promocional. Algo semelhante ocorreu há dois anos, quando a Global aqui se implantou, estabelecendo-se uma acirrada disputa de mercado. Com resultados benéficos para os usuários, eis que os preços dos aparelhos celulares caíram, assim como outros custos, ao tempo em que os cidadãos passaram a conhecer novas e tentadoras ofertas, das duas empresas.
Não foi por acaso que, desde então, o número de telefones celulares duplicou nas duas cidades de operação da Sercomtel (Londrina e Tamarana). São 57 mil usuários, hoje, nessa região, e com três concorrentes esse número deverá elevar-se substancialmente, acreditando-se que muito breve a telefonia celular suplante, em volume de aparelhos, a telefonia fixa. Isso deverá ocorrer, também, pelo futuro nivelamento das tarifas entre os dois sistemas e pelas melhorias tecnológicas, como o aumento do tempo de duração da carga das baterias. O sistema de telefonia celular irá cada vez mais se aperfeiçoando e se expandindo, até o ponto em que acredita-se não haverá um cidadão que não tenha um celular, assim como hoje todas as pessoas têm um relógio de pulso, o que no passado era privilégio de poucos.
Se 80% dos funcionários da Sercomtel não eram favoráveis à venda, conforme pesquisa de opinião feita antes do plebiscito, espera-se dessa equipe de técnicos e servidores, agora, um revigoramento do entusiasmo na busca de melhorar o desempenho da empresa e disputar com os concorrentes. A opção pelo serviço da empresa local não ocorrerá, apenas, por bairrismo se os serviços da Sercomtel Celular não se apresentarem eficientes e competitivos.
O prefeito Nedson Micheleti esperava realizar um elenco de obras com os R$ 66 milhões correspondentes aos 55% que lhe cabiam na venda (eis que Copel é detentora de 45% das ações da Sercomtel). Mas se ele mostrou competência nestes oito meses de administração, com pouco dinheiro disponível e muitas contas a pagar, deverá agora adaptar seu programa de obras com os recursos de que dispõe. A população não lhe cobrará grandes empreendimentos, ao menos nestes primeiros anos de mandato, mas apenas que administre com honestidade e não abandone os atendimentos básicos.
Não cabe agora discutir porque foi pequeno o índice dos que comparecerem ao plebiscito (apenas 11% dos 299.207 eleitores do município), mas pesou, sem dúvida, o episódio do não explicado destino que o ex-prefeito Antonio Belinati deu aos R$ 186 milhões da venda de 45% das ações da empresa-mãe Sercomtel. O que importa agora é manter a boa administração da Sercomtel Celular e a empresa permanecer vigilante.
A presença de duas concorrentes dará à empresa londrinense os parâmetros para traçar sua nova política gerencial e não descuidar de seu desempenho. A jornada das telecomunicações mal está começando, não só no Brasil mas no mundo. Londrina, graças à visão e ao arrojo de administradores do passado, tanto à testa da prefeitura como da Sercomtel, tem hoje uma sólida companhia de telecomunicações. Pior seria se nem tivesse, nessa área, uma empresa em condições de competir.
