EDITORIAL -Ômicron piora situação dos bancos de sangue
Mesmo antes da pandemia da Covid-19, os bancos de sangue tinham dificuldade em manter seus estoques em nível satisfatório
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
Mesmo antes da pandemia da Covid-19, os bancos de sangue tinham dificuldade em manter seus estoques em nível satisfatório
Folha de Londrina
Desde 2020, quando a pandemia da Covid-19 foi decretada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), os bancos de sangue do Brasil têm apresentado quedas significativas nas coletas mensais. Uma situação que preocupa muito as autoridades da área hospitalar porque a baixa doação de sangue impacta no atendimento a pacientes graves da Covid, como também a pessoas que se submetem a uma cirurgia de emergência.
Se no segundo semestre o cenário parecia melhorar nos hemocentros, a partir da vacinação e da confiança dos voluntários em voltar a sair de casa para doar sangue, no começo de 2022 a variante ômicron impactou novamente a coleta de sangue e o baixo estoque deixou hospitais como o HU (Hospital Universitário) de Londrina em estado de alerta.
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Em algumas unidades do Hemepar (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná), como a de Curitiba, houve uma queda de 30% nas doações em 2021, em relação aos anos anteriores. Na última quinta-feira (27), o centro de coleta na capital paranaense contava com um estoque de pouco mais de 5,4 mil bolsas dos vários tipos de sangue, saldo que era suficiente para cinco dias, no máximo.
No Hemocentro Regional de Londrina, órgão vinculado ao HU e que também integra a hemorrede pública do Paraná, a queda nas doações chega a 15%, taxa que se manteve constante em todos os meses da pandemia. Uma situação que tende a piorar com o aumento considerável dos casos de contágio que têm provocado o afastamento dos servidores e a volta da realização dos procedimentos eletivos.
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Esse foi o segundo janeiro de pandemia para os hemocentros e se no ano passado a falta de doadores poderia ser justificada pelo medo instalado e o isolamento, em 2022 o desafio é administrar a falta dos servidores responsáveis pelas coletas que também acabaram se contaminando, como mostra reportagem da FOLHA nesta segunda-feira (31).
Mesmo antes da pandemia da Covid-19, os bancos de sangue tinham dificuldade em manter seus estoques em nível satisfatório, principalmente em períodos de festas de fim de ano e meses em que muitos trabalhadores tiram férias, como janeiro e julho. Mas o coronavírus piorou a situação.
A principal dificuldade dos bancos de sangue para manter os estoques é conscientizar a população sobre a segurança do ato de doar durante a pandemia (já que o agendamento é on-line e os locais obedecem às normas sanitárias para evitar o contágio) e lembrar que o sangue é necessário o ano todo e não pontualmente, como acontece com campanhas de agasalhos e brinquedos, por exemplo.
É uma necessidade diária e contínua, com um agravante: o sangue tem prazo de validade e não pode ser guardado por muito tempo. Assim, urgentíssimo que o poder público promova uma campanha de conscientização sobre a importância dos doadores de sangue voltarem aos hemocentros e outros locais de coleta para realizarem esse ato de amor ao próximo.
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