É consenso que aprender é algo que se leva para a vida toda e o estudo não termina quando a pessoa se forma no ensino médio, técnico ou na graduação. Mas e quando homens ou a mulheres não conseguiram frequentar a escola no tempo certo e depois de adultos tiveram que correr atrás do tempo perdido?

Mais do que tempo, esses cidadãos que buscam os bancos escolares precisam de doses extras de força de vontade. O acesso à educação é condição elementar para que o cidadão possa interagir e participar da vida do País na esfera pública, na vida cultural e política. É com ela que as pessoas têm condições de vida melhor na sociedade e também de contribuir para melhorar a comunidade onde vive.

Investir na educação de crianças e jovens está na plataforma eleitoral da maioria dos candidatos a um cargo público executivo, mas muitas vezes a educação dos adultos que não tiveram chance de terminar a educação básica fica esquecida. Ou seja, o Brasil tem consciência da importância do acesso à educação na infância, sentimento que se perde quando o assunto é aprendizado ao longo da vida.

O resultado disso é encontrar frequentemente pessoas com dificuldades para interpretar textos simples, escrever e fazer cálculos matemáticos. São pessoas que foram afastadas da escola de forma prematura, pela pobreza e a necessidade de entrar precocemente no mercado de trabalho.

A EJA (Educação de Jovens e Adultos) é a forma de ensino oferecida pelo poder público para a população com idade a partir de 15 anos. Um parecer apresentado pelo Conselho Estadual de Educação, com base em dados da Seed (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte), mostrou que essa modalidade educacional também foi impactada pela pandemia da Covid-19. Segundo a entidade, o número de alunos matriculados na EJA caiu 40% em 2020 na comparação com o ano anterior.

Além da pandemia, membros do conselho acreditam que a mudança na EJA para o sistema de ensino em blocos de disciplinas também pode ter afetado a queda nas matrículas, pois antes a montagem da grade era individualizada e atendia aos limites de horário dos estudantes.

Voltando à questão da Covid-19, é preciso levar em conta que as dificuldades de conectividade são entraves sérios para a continuidade dos estudos nesse público durante a pandemia e as aulas no sistema remoto. Muitos têm dificuldade de lidar com plataformas usadas para reuniões e aulas no formato remoto e alguns nem computador, tablet ou celular têm em casa.

É triste verificar que novamente muitos adultos precisem interromper o projeto - e o sonho - de concluir o ensino básico e conquistar o papel de ser protagonista do seu aprendizado e desbravador dos caminhos que a educação abre na vida das pessoas. Que o poder público e a sociedade organizada encontrem formas de amenizar esse impacto negativo da pandemia na educação de jovens e adultos.

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