Para comemorar seus 30 anos, o Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) realizou uma sondagem, divulgada em março, com uma provocação sobre a identidade do londrinense. A pesquisa feita nos canais online da prefeitura resumiu da seguinte maneira a cidade. O termo de referência mais lembrado pelos 665 participantes foi pé-vermelho (41,9%), pouco mais de um terço escolheram Pequena Londres (35,4%) e apenas 6,76% cravaram Capital do Café.

Londrina estaria perdendo sua conexão com o passado glorioso, iniciado quase há 90 anos quando um grupo de investidores ingleses começou a percorrer os estados de São Paulo e Paraná em busca de novos negócios?

Quando chegaram por aqui o imensidão de terra vermelha tinha palmitos, figueiras e perobas. Mas o cenário mudou conforme o século 20 avançava na velocidade daqueles tempos de descobertas surpreendentes.

Quinze anos depois da fundação da Companhia de Terras Norte do Paraná e pouco mais de uma década depois da chegada da primeira expedição, o censo de 1940 já apontava que naquelas mesmas terras havia surgido uma aglomeração de 75 mil habitantes, o que dava a Londrina a condição de segundo município mais populoso do interior do Paraná, abaixo apenas de Guarapuava.

O sucesso instantâneo do modelo de colonização da companhia, como contam os livros, está relacionado a um projeto imobiliário inovador, vendido com muita propaganda no mundo inteiro, a partir de promessa de documentação garantida (o que reduziria muito os habituais conflitos pela posse, comum à época em outras regiões desbravadas), de pequenos lotes, do pagamento facilitado e da garantia de posse definitiva em quatro anos.

Protagonista deste início de sucesso, a cafeicultura trazia riqueza e imprimia à cidade uma história vencedora. Tanto que uma placa indicava aos forasteiros que chegavam a Londrina: ali se localizava a Capital Mundial do Café.

As décadas se passaram, o título ufanista ligado à cultura cafeeira caiu no esquecimento e a metrópole regional contemporânea tem que parar para pensar o que se tornou e como é vista agora.

Embora o café tenha saído de cena há muitos anos, não é possível desmembrá-lo do conceito de Londrina, tanto que sua imagem está no icônico Cine Teatro Ouro Verde, no escudo do Londrina Esporte Clube, na Rodovia do Café, entre outros.

Em reportagem desta edição da FOLHA, o professor Leandro Henrique Magalhães, um estudioso do patrimônio cultural e da economia criativa, analisa que o café segue sendo uma marca importante, ainda que os elementos contemporâneos ganhem espaço no processo de amadurecimento.

Embora as novas gerações não tenham presenciado a força e a beleza do "ouro verde", é certo que o café dificilmente cairá no esquecimento, pois são tantas as referências, elementos, livros e pesquisas sobre esse grão que alicerçou os primeiros anos do município que hoje diversificou suas riquezas.

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