Na edição de quarta-feira (22), neste mesmo espaço, a FOLHA tratou dos efeitos das mudanças climáticas no dia a dia dos londrinenses, a partir da chegada do verão - neste ano com a influência do La Niña. Agora, nesta quinta-feira (23), chegou a vez de tratar nesse editorial das consequências desses fenômenos climáticos extremos no bolso dos brasileiros.

Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL -A falta de chuva no balanço da agricultura
| Foto: Silvio Ávila/AFP

O Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento divulgou as estimativas de produção das safras de soja e milho, chamando a atenção para a redução por conta do impacto da falta de chuva nas lavouras do Paraná. De acordo com o relatório mensal com as estimativas para a safra de grãos 2021/2022 no Paraná, a revisão ficou em pouco mais de 10% para ambas as culturas.

No caso da soja, as altas temperaturas e a falta de umidade prejudicam as lavouras em grande parte do Estado e foram determinantes para o impacto negativo nas estimativas do Deral. Inicialmente, esperava-se um volume superior a 21 milhões de toneladas. Com a reavaliação dos técnicos, a expectativa passou para 18,4 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 12%. Na comparação com o volume colhido no ciclo 20/21, a queda é de 7%. A área de plantio está estimada em 5,6 milhões de hectares, semelhante à da safra anterior.

A região Oeste do Paraná, onde os agricultores costumam plantar mais cedo do que no restante do Estado, é a mais afetada pelas perdas até o momento, com queda de 32% nas estimativas de produção. Outra redução significativa, de 26%, foi registrada no Noroeste. “Além do clima adverso, essa região está condicionada a características do solo que causam menor conservação da umidade”, explicou o economista do Deral, Marcelo Garrido. Também têm quedas nas expectativas de produção a região Sudoeste (-22%) e o Centro-Oeste (-20%).

Já no Norte do Estado, em regiões como Londrina e Maringá, ainda não é possível avaliar sistematicamente as perdas, já que, se ocorrerem chuvas nos próximos dias, as condições das lavouras podem melhorar.

Na avaliação do secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o ano de 2021 foi bastante desafiador para os agricultores paranaenses. “Tivemos uma profunda crise hídrica e geadas severas que provocaram perdas na nossa produção. Porém, acabamos o ano mostrando um agro participando em mais de 80% do esforço exportador do Paraná”, disse.

O levantamento do Deral lembra que o clima afeta a economia, principalmente em um Estado com vocação agrícola como é o Paraná. E que a mudança climática não é apenas uma séria ameaça para o planeta, é também um perigo para a economia mundial.

A solução é um desafio para os setores público e privado, que precisam buscar soluções em parceria.

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